A tarefa da burguesia de emplacar uma terceira via na corrida eleitoral de 2022 não está nada fácil. Seu principal partido, o PSDB, ingressou em uma crise que se aprofunda quanto mais se aproximam as prévias do partido.
Concorrem nas prévias João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio, sendo que de fato apenas os dois primeiros são os verdadeiros candidatos. Segundo a Folha de S.Paulo, em matéria publicada no dia 15 de novembro, Leite teria sugerido o adiamento das prévias – marcadas para domingo (21) -, o que teria causado revolta em Doria e Virgílio que, em nota conjunta, chamaram a proposta de “imoral e inaceitável”. Leite nega que tenha feito a proposta.
Mas a crise se arrasta há mais tempo. João Doria contestou o aplicativo de votação pela internet, o que também gerou mal-estar na legenda. A desconfiança do governador de São Paulo é pública e acabou expondo a crise.
A própria imprensa golpista não consegue esconder a crise no partido. A Folha, órgão oficioso do PSDB, publicou coluna assinada por Mathias Alencastro chamada “Nanificação do PSDB significa perda para todos os eleitores”. É um atestado do fracasso do PSDB e da completa impopularidade do partido.
A campanha contra Lula, único político com apoio popular, não surte efeito. A popularidade do ex-presidente não para de aumentar na proporção dos ataques que sofre diariamente na imprensa.
Por outro lado, também não faz muito efeito a campanha contra Bolsonaro. Entre a direita, o atual presidente golpista é o único que goza de alguma base de apoio real, entre os setores de extrema-direita e mais conservadores da população.
A polarização política no País é a causa fundamental desse problema. Não há espaço para o chamado centro político. A desmoralização desses partidos leva à decomposição do regime político e empurra a população para os polos. Há cada vez menos espaço para uma política tradicional da burguesia.
Por isso a direita golpista tradicional tem dificuldades de conseguir um candidato que consiga certo nível de popularidade e competitividade. Isso, mesmo com todo o aparato de propaganda da imprensa que é capaz de produzir candidatos artificiais.
A crise no PSDB, principal partido da terceira via, é a expressão da própria crise do regime político e da própria terceira via.
Agora resta saber se a burguesia conseguirá reanimar o PSDB ou se precisará buscar outra opção de terceira via, como Sérgio Moro, que apareceu como candidato na semana passada.
Caso continue falhando em sua tarefa, a burguesia deve fazer como fez em 2018, apoiar Bolsonaro em nome da manutenção do regime golpista de ataques brutais contra o povo brasileiro, para impedir uma vitória de Lula.