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Disputas entre os golpistas

CPI da pandemia, mais uma tentativa de colocar Bolsonaro na linha

Enquanto parte da esquerda vibra desnorteada, o STF apenas avaliza uma campanha de domesticação e desgate eleitoral de Bolsonaro, a quem manterão apoio em 2022 se necessário

A crise interna do bloco golpista ganha novamente as manchetes. Em nova intervenção no poder legislativo, o ministro do STF Roberto Barroso concedeu uma liminar ordenando o presidente do Senado a instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar especificamente a atuação do governo federal frente à pandemia de covid-19.

O STF segue jogando para a torcida, ludibriando setores desesperados da esquerda e impondo a política da direita tradicional. É público e notório que o governo Bolsonaro tem as mãos sujas de sangue pelo total descaso demonstrado nesse momento dramático, que se arrasta há mais de um ano. No entanto, como o próprio presidente ilegítimo destacou, a CPI restringe arbitrariamente as investigações ao âmbito do governo federal, acobertando os 27 governadores espalhados pelo país.

Além de reforçar o discurso da imprensa burguesa, que divide a culpa pela situação atual da pandemia apenas entre Bolsonaro e o povo, a manobra do STF não passa de mais um capítulo da domesticação de Bolsonaro pelo setor mais importante da burguesia nacional. O objetivo é claro: desgastar o governo Bolsonaro para tirar o máximo número possível de eleitores, abrindo caminho para o candidato da direita tradicional que a burguesia quer.

Bolsonaro nunca foi a primeira opção da burguesia para o governo, porém a única candidatura possível para “legitimar” eleitoralmente o golpe de estado de 2016. A “oposição” liderada pelos monopólios da imprensa nunca avançou no sentido da destituição do governo, mas tem funcionado desde o começo para melhor adaptá-lo aos seus interesses. A fração parlamentar dessa “oposição” tem votado junto com o governo na maioria dos ataques à população, atrapalhando Bolsonaro apenas nos seus acenos à sua base.

Por mais que a base popular do presidente capitão não seja do tamanho que tentaram fazer crer na disputa eleitoral, o resto da direita simplesmente não tem esse tipo de “militância”. Esse é um dos motivos pelo qual a imprensa burguesa teme tanto a polarização política, além da possibilidade de ascensão de tendências revolucionárias, ela acaba dependendo de figuras instáveis da extrema-direita.

O que está em jogo é apenas isso, a domesticação e desgaste de Bolsonaro por objetivos eleitorais. É por isso que o pedido de CPI aberto pelo ex-psolista Randolfe Rodrigues (Rede) mira apenas o governo federal. Não é para investigar nada de fato, nem para defender os interesses da população. Após dois meses na mesa da presidência do Senado, dois parlamentares do Cidadania ingressaram com a ação acatada por Barroso. Uma dobradinha entre Rede e Cidadania não pode ser confundida com uma ação esquerdista.

O Brasil vem batendo recordes de mortes diárias sucessivamente em 2021. Assim como Bolsonaro, os governadores “científicos” não fizeram nada para preparar o sistema de saúde, para desafogar a superlotação dos transportes públicos ou para garantir condições adequadas para os trabalhadores nas grandes empresas. As farsescas quarentenas atenderam uma parcela muito pequena da população e serviram apenas para mascarar a falta de investimento público. Apenas a pequena burguesia caiu nessa jogada, as amplas massas populares nunca receberam salários para ficar em casa. O único “fique em casa” que os pobres tiveram acesso foi um “fique em casa passando fome”, com o desemprego em alta. O próprio “científico” João Doria rescindiu milhares de contratos de trabalhadores terceirizados ainda em março de 2020.

Apesar da enorme repercussão ainda em 2016, a frase do atual presidente do MDB Romero Jucá, vazada num áudio, parece ter caído no esquecimento pela esquerda. Os acordos “com Supremo, com tudo” fazem parte dos principais fatos políticos no Brasil, em especial a partir do golpe de Estado e das tentativas de estabilização dos governos neoliberais. O STF tem intensificado seu papel intervencionista nos poderes executivo e legislativo e isso reflete um avanço do autoritarismo. O fato de setores da esquerda apoiarem as decisões desse tribunal ajuda a confundir a população e até parte da militância esquerdista.

Dois outros ministros do STF, Dias Toffoli e o tucano Alexandre de Moraes, deixaram explícita sua disposição anti democrática essa semana. Ao serem questionados em razão das recorrentes intervenções em diferentes esferas do poder político, argumentaram que isso ocorre pelo fato de “a polpitica não resolver os problemas” e que haveria um “vácuo de liderança do Executivo”. São prerrogativas que não cabem ao STF e essas ações serão usadas como melhor convier à burguesia. É preciso denunciar todos os golpistas como integrantes de um mesmo bloco. O combate ao ilegítimo governo Bolsonaro não pode se dar em detrimento do combate ao conjunto dos golpistas, entre os quais se encontram os ministros do Supremo Tribunal Federal.

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