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As ruas ou o Congresso?

Como fazer o Congresso votar um impeachment?

A burguesia se vê ameaçada pela mobilização porque é inimiga do povo e teme sobretudo as tendências revolucionárias. O impeachment é uma manobra institucional para conter as massas

Não há como negar que a mobilização popular tem, apesar das sabotagens ao movimento, conseguido avançar na luta política tornando cada vez mais evidente a disposição dos trabalhadores pelo enfrentamento não só ao governo Bolsonaro, mas ao regime golpista como um todo.

Vendo ao que leva o desenvolvimento desta tendência popular à revolta contra a direita, a burguesia tratou logo de tomar iniciativas no sentido de, por um lado tirar o corpo fora do caminho da revolta, se colocando como “antibolsonaristas” e que seria apenas Bolsonaro o grande problema do povo, e por outro minar a mobilização apresentando como solução medidas institucionais e parlamentares.

Sobretudo após a realização do vitorioso ato de rua no 1º de maio, dia de luta do trabalhador, pelos comitês de luta e o Partido da Causa Operária (PCO), as movimentações da burguesia para enfraquecer a mobilização dos trabalhadores se intensificaram, destacando-se a CPI da Covid e os pedidos e impeachment, em uma tentativa colocar nas mãos do parlamento golpista os rumos das mobilizações de rua.

Existe na imprensa burguesa que dirige até a opinião de determinados setores da esquerda, de que as mobilizações seriam algo como que dependentes das iniciativas parlamentares, como a ideia grotesca de que os atos de rua teriam se intensificado como resultado da CPI e sua cobertura na imprensa, ou seja, que a mobilização existiria devido à CPI, o que leva a conclusões transmitidas pela imprensa golpista, como os de que a mobilização seria superficial, uma vez que ligada a uma manobra institucional e que se satisfaria com o “cumprimento” do intuito da CPI.

O que todos sabem não passa de uma falsa propaganda da burguesia em torno da CPI da covid que claramente tem objetivos meramente eleitorais e de instrumento de chantagem da direita tradicional ao bolsonarismo, e nada tem a ver com as mobilizações que querem derrubar Bolsonaro e toda a direita. Se a mobilização fosse reflexo da CPI, estaria paralisada dada o verdadeiro desastre que tem se orquestrado na CPI que não está conseguindo cumprir sequer o seu papel eleitoral para a burguesia.

Foram várias tentativas da imprensa de vincular os atos à CPI, todas fracassadas; a última delas seria a campanha anticorrupção, que também é rejeitada pelas massas que não confiam na burguesia que usa a corrupção e uma propaganda histérica quando já não encontra mais subterfúgios, e que ainda assim está sendo empurrada para o movimento por setores atrasados e confusos das direções da esquerda, contra o interesse das bases.

A outra jogada dos golpistas para destruir as mobilizações e colocá-las a reboque da burguesia é a propaganda em torno do impeachment de Bolsonaro. O cálculo é simples: o povo saiu às ruas, rompeu a paralisia das direções da esquerda e está exigindo por uma intensa mobilização a derrubada do governo Bolsonaro e a direita, pelas mãos das massas, inclusive expressando tendências revolucionárias;

A burguesia por sua vez se vê, e com razão, ameaçada pela mobilização porque é inimiga do povo e teme sobretudo as tendências mais revolucionárias; logo, apresenta o impeachment, uma “solução” institucional, para conter o movimento popular que quer agir por conta própria e não através das instituições burguesas completamente desacreditadas e impopulares.

Pode-se dizer que a formulação do impeachment como resposta às massas é uma chantagem, ou melhor, uma enganação porque o que pretende é que os trabalhadores que estão nas ruas acreditem que a mobilização se esgotaria com uma medida puramente parlamentar e burocrática. É como se diante da ameaça da mobilização a burguesia dissesse: “tudo bem, nós entendemos o que vocês querem, podem sair das ruas que nós vamos solucionar o seu problema, vamos levar ao congresso um pedido de impeachment para retirar Bolsonaro”

Mas depois de algumas dezenas de pedidos de impeachment parados no Congresso, o povo não está tão disposto a acreditar no “na volta a gente compra”, sua consciência está cada vez mais se elevando no sentido de entender que só a mobilização poderá levar ao resultado desejado.

Diante da resistência a nova jogada da burguesia foi o “super pedido de impeachment”, que é mais um aceno à frente ampla pois o pedido foi assinado em conjunto por diversos setores das direções da esquerda junto com a direita e alguns dos seus elementos mais desprezíveis e impopulares, desde Joice Hasselmann e Kim Kataguiri até Alexandre Frota, para dar uma roupagem democrática à direita que sempre foi rejeitada pelo povo; a medida contou inclusive com uma manobra de desmobilização ao impor às pressas e de formas obscuras a antecipação de um ato já marcado pelas centrais de esquerda.

A  intensão era que o ato do dia 03 de julho fossem mal organizados, mal convocados e portanto esvaziados, mas graças à grande tendência das massas à mobilização, não deu certo, mesmo com a má organização e baixa convocação os atos se mantiveram mais ou menos no mesmo patamar que os atos anteriores.

Além disso, mais do que em qualquer outro os atos do dia 03 expressaram as principais tendências das massas, sobretudo pela predominância do vermelho e rejeição ao verde-amarelo e a rejeição à direita e sua presença no movimento do povo, com a expulsão do PSDB no ato em São Paulo. O que deixou claro e serviu para desmascarar que as massas não estão nas ruas por conta de CPI da Globo ou “super” pedido de impeachment com inimigos do povo, mas sim pelo genuíno Fora Bolsonaro, a derrubada do governo pela mobilização e sem espaço para a infiltração e oportunismo da direita.

É preciso ter claro: o Congresso é golpista e controlado pela própria burguesia, seu interesse não é votar o impeachmant nem tirar Bolsonaro, é apenas enganar a população enquanto se passa por “democrático” e “antibolsonarista” para projetar um nome, uma alternativa até as eleições de 2022.

Talvez algumas direções da esquerda depois de se distanciarem e até mesmo esbravejarem contra o povo durante mais de um ano de pandemia tenha gerado esta total confusão de ideias dentre as direções, a ponto de acreditarem que o Congresso, depois de décadas atacando os trabalhadores em nome dos interesses da burguesia, inclusive em meio à pandemia, estaria realmente disposto agora a atender o povo. O que não há razão de ser.

O Congresso é um composto de elementos golpistas, direitistas e sobretudo vendidos; os carreiristas do Congresso são pagos pela direita, pela burguesia para movimentar a situação em favor dos seus contratantes, com os quais quase sempre guardam concordância quanto à política de ataques à população; foram inúmeros feitos, alguns deles o golpe de 2016, a reforma da trabalhista, a reforma da previdência, etc.

A única forma de intimidar minimamente estes elementos é por meio da pressão popular e não a substituição desta pressão por acordos com os golpistas. Fazer acordo com os golpistas consiste em comprar ou se vender, e a burguesia é quem pode pagar mais. Não há, portanto, espaço para qualquer tipo de acordo com a direita cujo único intuito é destruir a mobilização.

As massas que estão nas ruas entenderam a manobra e estão cada vez mais radicalizadas e revoltadas contra esta direita golpista que tenta sequestrar as mobilizações e o movimento como um todo para barrar a vontade do povo impor a vontade da burguesia. É preciso agora que as direções da esquerda atrasadas alcancem o mesmo nível de esclarecimento que as bases e abandone a direita,  abandone o verde-amarelo e passe a ouvir e adotar a vontade das massas e não dos inimigos dos trabalhadores, os quais tentam empurrar goela baixo do povo nas mobilizações.

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