O agora ex-técnico do São Paulo FC, Fernando Diniz, demitido na última segunda-feira (1°) é o mais recente caso da tendência de busca pela europeização do futebol nacional. O técnico que conseguiu colocar uma equipe, que tinha necessidade de um elenco mais numeroso e de qualidade, em primeiro lugar no Campeonato nacional com vários pontos de vantagem foi um enorme feito da equipe tricolor. No entanto, um dos fatores que a imprensa esconde deste problema é a limitação em quantidade e qualidade do elenco são paulino, onde faltaram peças no elenco para uma alternativa de jogo, como por exemplo a carência de jogadores rápidos para atuar pelos lados do campo.
Ao contrário de outras equipes com elencos com um número muito maior de atletas a disposição como por exemplo Palmeiras e Flamengo, que também alternaram ápices e declínios ao longo do campeonato, ainda mais, em um campeonato do mais alto equilíbrio dos últimos 20 anos, com várias equipes se revezando na primeira colocação do campeonato. Situação essa que também foi reflexo da própria pandemia, com os clubes, que, além dos problemas de lesões, por conta do grande número de jogos e escasso tempo para a recuperação muscular e física dos atletas, ainda houve a saída de centenas de atletas dos vários clubes que estavam na disputa por conta da contaminação pelo Covid 19, em 27 de novembro passado, 341 atletas já haviam se contaminado.
Mesmo com tal situação o time de Diniz, que conseguiu impor uma ideia por mais de dez rodadas no campeonato brasileiro, com um futebol de enorme qualidade, desde a saída de bola do goleiro, junto aos zagueiros e volantes, passando pelo meio campo e chegando ao ataque.
Mas com a falta de peças, o desgaste dos jogadores com jogos no meio da semana e final de semana e participação em vários campeonatos, o São Paulo chegou a sete jogos sem vencer. A vantagem de sete pontos na liderança do Brasileirão se transformou em desvantagem do mesmo tamanho para o Internacional, agora o primeiro colocado. E assim Diniz se foi.
No entanto, com a demissão de Diniz, voltam as pressões da política e a ideologia dos capitalistas do esporte de que os europeus são melhores que os brasileiros. Situação denunciada até mesmo pelo ex-técnico português Jorge Jesus do Flamengo, que em declaração à imprensa europeia, disse que o futebol brasileiro é o melhor do mundo. E mais recentemente quando o técnico palmeirense Abel Ferreira, fez questão de enfatizar a grande capacidade dos treinadores brasileiros, como Abel Braga, Rogério Ceni, Diniz. O interesse dos capitalistas do esporte é cada vez mais o aprofundamento das características de gestão europeias do espetáculo futebolístico, transformando cada vez mais o esporte apenas em lucro e atacando sua qualidade, sua arte. Sobre esta polêmica leia, outra matéria já publicada neste diário, no link a seguir: https://www.causaoperaria.org.br/nao-a-politica-de-europeizacao-do-futebol-brasileiro/
Pressionado por tal política o São Paulo avalia técnicos para substituir o demitido Fernando Diniz e já mudou a coordenação do futebol com a saída de Raí, que sempre defendeu a manutenção de técnicos brasileiros. Miguel Ángel Ramírez é um nome aprovado e largaria na frente dos demais na disputa pelo cargo, mas seu acerto verbal com o Internacional é considerado um entrave. Situação curiosa desta política anti-futebol dos capitalistas e de grande parte dos dirigentes é o próprio Internacional de Porto Alegre, que contratou Miguel Angel Ruiz para substituir Abel Braga ao final do campeonato, no entanto o Internacional nas mãos de Abel arrancou e é fortíssimo candidato ao título, com 19 vitórias, 8 empates e apenas 6 derrotas, quatro pontos à frente do segundo colocado o Flamengo.
Apesar do São Paulo colocar Rogério Ceni entre os principais candidatos, a pressão interna e externa, por mais técnicos estrangeiros é grande. Outro que aparece é Marcelo Gallardo, do River Plate. O técnico argentino é amplamente aprovado, mas o clube não tem dinheiro para pagar o que seria necessário.
A vinda de treinadores estrangeiros com face de “inovadores” busca encobertar a real destruição do melhor futebol do mundo. Em primeiro lugar, campanhas vitoriosas de times como Flamengo, Palmeiras campeões da Libertadores da América, nas últimas duas edições e comandadas por técnicos portugueses, estão longe de representar mérito exclusivo para estes treinadores. Muito pelo contrário, grande parte dos jogadores destas equipes chegaram à seleção brasileira, demonstrando que o futebol apresentado já era de alto nível.
Há uma política bem orientada da burguesia para desmoralizar os técnicos brasileiros e por consequência o futebol brasileiro.
