Não é segredo que a pandemia do coronavírus afetou também o futebol. Dezenas de campeonatos estaduais Brasil afora estão sentindo os efeitos da piora nos índices de contágio no país.
Com a suspensão da quinta rodada do Campeonato Paulista, uma reunião na Federação Paulista de Futebol foi convocada para esta segunda-feira (dia 22) para definir se a paralisação segue mantida.
Segundo a FPF, entidade sem qualquer credibilidade, é preciso a continuidade da competição por meio de uma bolha de segurança, protocolo adotado pela Associação Nacional de Basquete – a NBA nos Estados unidos, em que há o confinamento de atletas; testes e jogos de futebol em sedes fixas, como se isso fosse possível de ser realizado no Brasil.
O futebol continuou até agora com medidas de restrições para ”inglês ver”. Mesmo com a testagem, diversos profissionais são infectados diariamente, e o esporte continuou, mesmo que isso afetasse centenas de milhares de vidas, porque afinal de contas, instituições como a própria Federação Paulista, não ajudam os clubes, em especial os times pequenos, que dependem dos jogos para pagar funcionários e alimentar famílias.
Outros campeonatos também estão paralisados, como de Tocantins – desde 17 de março, mas que deve retomar no dia 1 de abril. Talvez para combinar com o ”dia da mentira”, já que os tais protocolos sanitários que as federações esportivas dizem existir não tratam de nada mais do que uma farsa completa.
Para mostrar como tudo é um completo teatro, veja a situação do Ceará: lá o campeonato foi também suspenso atendendo ao decreto do governo cearense, mas o estado mesmo assim ainda continua recebendo jogos de outros campeonatos estaduais e regionais, um verdadeiro escárnio pra mostrar que tudo não passa de um verdadeiro faz de contas.
Neste momento outros estaduais seguem com seus campeonatos paralisados como Espírito Santo e Goiás. Já na contramão, estão o Distrito Federal, em que as competições estavam paradas, mas o governo liberou a realização dos jogos profissionais. A medida foi publicada em decreto na última sexta-feira (19) e autoriza os campeonatos com ”forte protocolo de segurança sanitária”.
Enquanto isso, em Minas Gerais, o estadual será paralisado a partir desta segunda-feira (22). Já o Campeonato de Futebol Sub-20 no Acre acabou sendo cancelado ainda em fevereiro. A Federação Acreana de Futebol informou em nota que não haveria tempo hábil para indicar um campeão para a Copa do Brasil na data estipulada pela CBF, a Confederação Brasileira de Futebol.
Há uma situação de falência geral de diversos clubes brasileiros, e a pandemia veio para aprofundar a situação de desigualdade, transformando no esporte mais amado pelas massas populares, em o mais atacado pelo coronavírus.
Um bom exemplo disso é a situação que ocorreu no Rio Grande do Sul. Nunca foi novidade que os clubes pequenos dos estados nunca viveram com grandes orçamentos, como é o caso da dupla Grêmio e Internacional. São diversas as dificuldades econômicas dessas equipes, especialmente na questão financeira.
Para muitos times, esses campeonatos estaduais – como o campeonato gaúcho que sofreu uma paralisação no inicio da pandemia em março de 2020 e voltou no mês de agosto – se tornam a principal, e talvez a única competição da temporada, se transformando em sua principal fonte de renda.
Com duração estimada de três meses, o campeonato gaúcho faz com que os clubes do interior, principalmente aqueles sem uma competição para disputar no segundo semestre, planejam usar suas receitas durante esse período para pagar salários de jogadores e funcionários, investir na estrutura do estádio e em outras despesas de um clube de futebol profissional.
Em reportagem do Jornal Comércio, é dito que de acordo com os presidentes de Aimoré e Esportivo, os clubes perderam em torno de 50% e 20% dos sócios no último ano, respectivamente. Já o presidente do Caxias destaca que, embora também tenha acontecido uma redução no quadro social, houve uma grata surpresa pelos torcedores que conseguiram manter as mensalidades em dia. “Vale enaltecer e parabenizar a torcida pela sua manutenção e principalmente por demonstrar confiança em nosso projeto”, comenta.
Vale ressaltar que a Federação Gaúcha de Futebol, a exemplo da Paulista, não fez absolutamente nada para que a situação dos clubes menores fosse aliviada. Pelo contrário, foram deixados a mingua para que a situação se tornasse totalmente insustentável e muitos vieram a quase declarar falência.
Pra ser justo, a única coisa que a FGF fez foi custear os testes para os clubes pequenos nos dias de jogo, mas isto já mudou em 2021, em que esta despesa ficará para os clubes, um deboche para os menores que já estão na pior.
Finalmente, é preciso deixar claro que diante de uma situação grave no país, em estamos no momento com 312 mil mortos sem previsão de melhora, não se pode ter futebol de fato, mas que é preciso que isso venha com uma política séria de financiamento dos clubes que seriam os mais prejudicados com a paralisação. As federações de cada estado deviam financiar os clubes pequenos, já que se enriquecem dos jogos anualmente e tem grana no caixa.
Nesse sentido, é preciso se colocar contra a política assassina da direita em reabrir tudo e querer a volta do futebol como nada tivesse acontecido, e é necessária uma política que impeça a falência destes clubes. Essa é a política correta para a crise do coronavírus dentro das quatro linhas.