Foram iniciadas as preparações iniciais para as eleições em Honduras, que ocorrerão em novembro deste ano. Tal acontecimento ocorre num cenário de 12 anos de golpe de Estado, dado pela polícia e o exército ondurenho em conjunto com o imperialismo norte-americano no ex-presidente Manuel Zelaya, que governou o país de 2006 a 2009.
As eleições que ocorreram desde o golpe foram fraudadas e o país vive uma ditadura ferrenha. A pobreza atinge cerca de 70% da população, casos de corrupção, grandes e pequenos, explodem por todo país, água potável, energia elétrica, transportes e medicamentos são recursos de difícil acesso para a população, sobretudo após os furacões Eta e Iota, ocorridos no final de 2020 — tudo isso em conjunto com a pandemia. A situação, que já era precária devido ao golpe dado em 2009, saiu completamente do controle enquanto a população afunda numa espiral de desgraças.
O atual governo de Juan Orlando Hernández (Partido Nacional) é extremamente impopular e seu partido está no poder desde o golpe descarado em Zelaya. Apoiado pelo imperialismo norte-americano, Hernández foi presidente do Congresso Nacional Hondurenho de 2010 a 2013, tendo então assumido a presidência do país e estado no poder desde então. As eleições ao qual participou foram muito contestadas e, em teoria, Hernandez não poderia ter sido reeleito, como ocorreu em 2017 — por não poder ficar no poder por mais tempo, eleições foram convocadas no país.
Uma das candidatas que mais chama atenção é Xiomara Castro, do Partido Libertad y Refundación “Libre”, que é também esposa do ex-presidente Zelaya. As posições de Xiomara são moderadas e seu partido é de ideologia nacionalista e, mesmo neste cenário, a candidata parece ter radicalizado, ao menos um pouco, seu discurso habitual.
As propostas de Xiomara incluem realizar uma constituinte e formular o que ela chama de “socialismo democrático” — apesar de o tal socialismo democrático representar, na prática, um reformismo dos mais puros, tal proposta, em conjunto com a questão da constituinte, é um avanço no teor do discurso da candidata que, por sua vez, tem caráter moderado. Prometer mudanças efetivas aos trabalhadores e colocar essas possibilidades na mesa durante a campanha de uma eleição presidencial é uma efetiva evolução para políticos como Xiomara — assim como um fio de esperança para o povo hondurenho.
“O programa de governo que proponho preconiza a mudança do obsoleto e esgotado sistema que nos oprime, a construção da democracia participativa e a sua refundação sobre critérios renovados, nascidos do debate geral”, afirmou a candidata.
“No governo do Libre (partido), a democracia e o poder popular serão a alavanca e o ponto de apoio, as principais ferramentas para alcançar uma distribuição equitativa dos benefícios sociais. Assentará na construção do poder do povo soberano e no funcionamento de mecanismos que garantam uma maior participação nas decisões, para que o povo assuma com as suas próprias mãos a condução do destino coletivo e defenda a nação contra os criminosos.”
O programa de Xiomara ainda inclui propostas como a geração de empregos, a luta ferrenha pelo direito dos trabalhadores e o estabelecimento de relações econômicas com a China.
As ações de Xiomara são exemplos a serem seguidos por figuras como o ex-presidente Lula. Ambos são reformistas moderados mas, mesmo por este caminho, o nacionalismo burguês ainda possui o papel de se radicalizar para, no mínimo, formular programas contra a burguesia e o imperialismo.
Prometer mudanças para os trabalhadores e trabalhar para que o imperialismo tire suas garras do país é algo que deveria ser levado adiante pelos dois, reforçando seu caráter popular e estabelecendo uma luta contra a direita e a burguesia