O Brasil é o maior e mais importante país da América Latina. O que acontece aqui influencia os demais países do continente. É muito rico em recursos que estão sendo fundamentais para estabilizar minimamente os países imperialista, cujas economias estão em franca decomposição. Estão saqueando nosso petróleo, minérios e ainda querem mais.
Para manter a transferência de riquezas, o imperialismo arquitetou o golpe contra Dilma Rousseff em 2016. Colocou Lula na cadeia e elegeu, ainda que não fosse o ideal, um presidente que chegou ao mais baixo servilismo ao bater continência para a bandeira dos EUA. No entanto, depois de toda a fraude judiciária e apesar do bombardeio cotidiano de difamações, Lula lidera com folga as intenções de voto para a corrida presidencial de 2022.

A América Latina está se mostrando um terreno completamente instável. O fracasso do golpe na Bolívia, as eleições no Peru, Honduras, Nicarágua e agora Chile dão mostras de que há um descontentamento crescente das massas por conta do declínio sem precedentes na condição de vida.
Governos “esquerdistas”
No Peru, o presidente eleito pelas massas em uma luta intensa contra a extrema-direita, Pedro Castillo, rompeu com seu partido e está demonstrando que será um novo “Lenín Moreno”, um traidor de toda a esquerda de seu país. Em Honduras, o nacionalismo burguês finalmente retomou o governo, após mais de uma década do golpe que derrubou Manuel Zelaya, mas a sua política de alianças com a burguesia já estão expondo suas limitações. No Chile, há uma longa manobra em curso para desfazer a insurreição no país. A manobra principal consistiu em chamar uma Assembleia Constituinte que mantivesse o presidente direitista Sebastián Piñera e, agora, chega a uma nova fase, com a eleição do direitista Gabriel Boric, que já chegou a condenar a violência das manifestações e defende o golpe na Venezuela e na Nicarágua.
A tarefa do imperialismo é continuar saqueando os países e ao mesmo tempo conter as revoltas e isso, em última análise só pode ser feito com o uso da violência. Os governos mais à esquerda têm um limite imposto pela sua própria base social que os impedem de pisar muito fundo no acelerador
O golpe radicalizou as massas
O PT tem feito acenos à direita, como o balão de ensaio de Alckmin como vice na chapa de Lula, estará com isso tentando demonstrar que não pretende radicalizar? A questão é que o cenário político já está radicalizado, a rejeição ao tucano é enorme, como foi grande a reação da militância que inviabilizou elementos da Terceira Via nos atos de rua. Conforme disse o companheiro Rui Costa Pimenta na análise política da semana (assista), foi o golpe que radicalizou, elevando a consciência política da classe trabalhadora. As eleições varreram do mapa o centro político, partidos como PSDB, DEM etc., entraram em crise.
Ainda que o PT não queira radicalizar, isso não depende da vontade de ninguém e sim das condições objetivas que a realidade impõe. As expectativas depositadas em Lula incomodam o imperialismo. Muitas pessoas, até mesmo as moderadas, esperam que ele reestatize a Petrobras e invista pesado em políticas sociais. Lula, por exemplo, defendeu o direito de Ortega se reeleger. Todas as luzes vermelhas estão piscando e os alarmes estão soando na sala de controle das colônias do império. Se Lula vencer as eleições poderá ser o pior revés no golpe, com inconveniente de inspirar outros países pela América Latina.
Golpe militar à vista
Seguramente o imperialismo está tramando um golpe militar. No Chile, apesar do pequeno ‘recuo’, ficou demonstrado que a burguesia está disposta a jogar suas fichas no enfrentamento. Estamos vendo preparativos, como a eleição super direitista e golpista Edson Fachin para presidir o TSE até agosto, quando será substituído por Alexandre Moraes. O general da reserva, Fernando Azevedo, aquele que dava as ordens a Dias Toffoli no STF, vai assumir nada menos que a Secretaria de Tecnologia do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Todas as peças estão sendo colocadas em seus lugares.
O cenário apresentado deixa claro que o imperialismo já está preparando o golpe, a terceira via ainda não decolou por culpa da radicalização que ele mesmo provocou e o próprio Bolsonaro não parece páreo para vencer as eleições. O grande capital precisa rapinar as nossas riquezas para continuar respirando e uma eventual eleição de Lula pode frustrar esse intento.
A classe trabalhadora deve continuar nas ruas, há disposição, como demonstrou o ato do dia 12 promovido pelo Bloco Vermelho e os comitês por Lula presidente. Não aceitaremos a paralisia imposta por parte da esquerda golpista que está sabotando a única força que pode conter o golpe: o povo nas ruas.
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A charge desta matéria foi feita por Jota Camelo. Apoie o companheiro. Siga-o no FaceBook.
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