A grande burguesia brasileira, aquela mesma que foi responsável pelo golpe de 2016 que derrubou Dilma Rousseff, foi responsável pelo segundo golpe com a prisão e o banimento da eleição de Lula, a fim de garantir a eleição pela fraude de um candidato seu, no caso Bolsonaro, e que agora pretende viabilizar um terceiro golpe, para novamente evitar a vitória da esquerda, de Lula, o candidato do povo, acaba de dar mais uma demonstração cabal de que Bolsonaro é um dos seus.
Diante das manobras para viabilizar a terceira via, o seu candidato predileto, as instituições golpistas, tendo como carro-chefe o Superior Tribunal Eleitoral desencadeou uma campanha contra Bolsonaro, inclusive com a prisão de alguns de seus partidários sob a alegação de que defendiam ações “inconstitucionais”, como o fechamento do STF, recuou diante de Bolsonaro, que esticou a corda ao chamar o 7 de setembro, diante da ofensiva da burguesia contra ele.
Mostrando a sua fragilidade, a burguesia recuou: reconduziu Augusto Aras à Procuradoria Geral da República. Em outra ponta, João Doria, governador de São Paulo – a provável terceira via – não só entregou a avenida Paulista para o ato bolsonarista, como tentou impedir a esquerda de fazer o seu ato e o próprio STF diminuiu o cerco a Bolsonaro.
Ao que tudo indica, está sendo realizado um acordo da burguesia com Bolsonaro, no qual a burguesia diminui a ofensiva enquanto Bolsonaro garante a ela que não haverá nenhum golpe ─ o que já era sabido. Isso revela mais uma vez por que a esquerda não pode confiar em uma aliança com a burguesia ficando a reboque dela. A burguesia não quer uma derrota total, mas apenas eleitoral de Bolsonaro. Se houver uma ofensiva da esquerda e do povo contra Bolsonaro, ameaçando o governo Bolsonaro, aniquilando a força bolsonarista nas ruas, isso enfraqueceria o bolsonarismo e toda a direita golpista, todo o regime político de conjunto, sendo uma ameaça ao golpe de 2016. Por isso a burguesia não quer uma derrota de Bolsonaro que não seja nas eleições para a terceira via.
O problema é que um amplo setor da esquerda acredita em uma aliança com a burguesia para tirar Bolsonaro por um impeachment, o que a burguesia já mostrou que não quer (os principais partidos, nenhum deles, assinou qualquer pedido de impeachment). E acredita que se aliando à burguesia vai tirar Bolsonaro. Não. Isso já está comprovado que não. É preciso mobilizar nas ruas, independentemente da burguesia e da direita “democrática”, e lutar por Lula presidente.
Foi marcante, particularmente a partir da segunda manifestação pelo Fora Bolsonaro – 19 de junho – a tentativa de esvaziamento dos atos por parte dos defensores dentro da esquerda da aliança com a burguesia. Controle sobre as reuniões que deliberam sobre o movimento, confusão sobre as datas dos atos, boicote escancarado às manifestações, como foi o caso das ocorridas no dia 18 e, finalmente, a campanha feita explicitamente nas redes sociais, por esses setores, defendendo o arrego da esquerda de conjunto e da militância diante diante das “ameaças” bolsonaristas para o 7 de setembro.
Primeiro, trata-se de uma campanha de histeria para colocar medo na militância. Segundo, mesmo que houvesse uma ameaça de golpe – isso está muito longe da realidade, pelo menos neste momento -, não seria se escondendo debaixo da cama que se resolveria a situação. Depois, deve ainda estar muito viva na lembrança da militância o resultado nefasto da política de encolhimento de 2015 e 2016, quando pessoas eram agredidas pela extrema-direita simplesmente por estarem vestindo vermelho. A covardia, essa sim é que é responsável pelo avanço da extrema-direita. É por isso que nesta terça-feira, 7 de setembro, a esquerda tem de estar em peso nas ruas por todo o País, contra a extrema-direita, pelo Fora Bolsonaro e por Lula presidente.