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Frente ampla

A quem interessa atacar o PCO?

Depois de dias a fio atacando o partido do Fora Bolsonaro e Lula presidente, a esquerda pequeno-burguesa continua sem responder: como vai derrubar o governo aliando-se aos golpista

Já são mais de 10 dias em que o Partido da Causa Operária (PCO), o único partido a criticar a política de “frente ampla” com a burguesia, está sendo caluniado e atacado pelos setores mais reacionários da política nacional. No dia 30 de junho, o presidente nacional do PCO, o companheiro Rui Costa Pimenta, teve, para sua própria surpresa, o seu nome divulgado como um dos autores do “superpedido” de impeachment. Nem ele, nem o Partido, autorizou, seja por procuração, seja até mesmo informalmente, que o nome do PCO constasse ao lado de fascistas como Joice Hasselmann, Alexandre Frota e Kim Kataguiri.

Não só o PCO não autorizou, como, na verdade, vinha criticando, sistematicamente, o “superpedido”. Publicamente, Rui Costa Pimenta falou, pelo menos três vezes, contra o “superpedido”. O Diário Causa Operária, a Causa Operária TV e todo o conjunto da imprensa do PCO denunciaram que essa era uma tentativa de colocar o movimento a reboque de elementos da direita. E dito e feito: o ato de entrega do “superpedido” foi transformado em uma manifestação de ‘solidariedade” da esquerda nacional com os inimigos do povo que agora querem se passar por “arrependidos”.

Os parlamentares e dirigentes da esquerda pequeno-burguesa que tanto disseram que não era possível fazer ato porque isso causaria “aglomeração”, que agem sempre no sentido de impedir que os atos se desenvolvam como atos de massas, preferindo fazer “atos simbólicos”, não se importaram minimamente em se aglomerar para conseguir ser filmado pela câmera da Rede Globo ao lado de Joice Hasselmann. E a Globo obviamente, deu o maior destaque, tratando logo de falar da maravilha da “frente ampla” construída naquele dia.

Vincular o PCO a essa podridão é absurdo. Mas a troco de que valeria à pena colocar o PCO como signatário? Ora, para esconder que existe um partido que está em oposição completa à política da burguesia e dos setores da esquerda que se colocam a seu reboque. O PCO não apenas criticou a “frente ampla” como, no dia do “superpedido”, foi a Brasília com faixas pedindo “Fora golpistas” das manifestações da esquerda.

Após a fraude do “superpedido”, a política da burguesia em relação ao PCO foi a de, por um lado, pressionar a esquerda para que abrisse o caminho para a infiltração da direita em suas manifestações e, por outro, a de apresentar o PCO como se sequer fizesse parte da organização dos atos. Em vários materiais de divulgação dos atos de 3 de julho, dentre os quais merece destaque o do ato no Rio de Janeiro, o segundo mais poderoso do País, que trazia como “organizadores” o Avante, o Cidadania, o Partido Verde e o Movimento Acredito. No Rio de Janeiro, não só a direita resolveu estuprar os atos, impondo os partidos que são inimigos do povo, como excluiu o PCO do material de divulgação. Detalhe importante: todos os demais partidos de esquerda — PT, PSOL, PCB, PCdoB, UP e PSTU — assinaram embaixo dessa patifaria.

A jogada era evidente: a burguesia, como não conseguia mais conter os atos, estava disposta a sequestrá-los. E os partidos da esquerda pequeno-burguesa, por sua falta de princípios, estava disposta a aceitar que a burguesia roubasse na mão grande as manifestações. Prova disso é que nenhum desses partidos criticou a campanha em torno do verde e amarelo — “nossa bandeira jamais será vermelha” —, nem vetou a participação da direita golpista nos atos. O PCO, na medida em que se colocou como defensor das manifestações, defensor da vontade do povo, passou a ser um obstáculo para a operação da burguesia de tomada das mobilizações.

O problema é que todas as tentativas de sabotar as manifestações e de calar o PCO fracassaram. Por causa da propaganda tenaz do Partido contra o verde e amarelo, as bases dos partidos e organizações da esquerda acabaram levando o vermelho para a rua com muito mais intensidade, enterrando a operação pseudopatriota. A tentativa de colocar o movimento a reboque do Congresso, antecipando as manifestações, também não deu muito certo, pois os atos diminuíram de tamanho. Por fim, a tentativa de infiltrar a direita nos atos se revelou um desastre completo quando os militantes do PCO, apoiados pelos manifestantes, enfrentaram os capangas contratados pelo PSDB e os colocaram para correr.

Essa foi a gota d’água para a burguesia. Com a expulsão da direita nos atos, a operação fracassou completamente. E, além disso, na medida em que foi protagonizada pelo PCO, a expulsão trouxe mais um problema para a situação política: a burguesia não tem mais condições de tratar o Partido como um “grupelho” sem influência alguma nos acontecimentos. O PCO, sozinho enquanto organização e apoiado pelas massas, conseguiu impor uma derrota estrondosa ao conjunto da esquerda nacional e à burguesia. A ala direita do PT, aliada ao PCdoB, ao PSOL, à UP, ao PSTU e ao PCB, escancaradamente apoiados pela burguesia, disseram: tem que ter golpista nos atos. O PCO disse que não, e foi esse “não” que prevaleceu.

A questão é simples: ou a burguesia não queria que o PSDB participasse dos atos ou, mesmo querendo, não conseguiu infiltrá-lo porque foi obrigada a bater em retirada. Como o que a imprensa mais pediu foi que os atos não tivessem a “pecha da esquerda”, é óbvio que o plano era encher as ruas de direitistas que pudessem pôr fim à mobilização com o potencial de derrubar o regime. O que nos leva à segunda conclusão.

Não há como esconder que o grande calo no sapato da burguesia para levar adiante a política da “frente ampla” — isto é, a política de colocar o movimento a reboque da direita — é o PCO. E é justamente por isso que os ataques ao Partido aumentaram de maneira exponencial após a revoada dos tucanos na Avenida Paulista.

Bastante consciente de seus interesses, o portal Vermelho, do PCdoB, estampou em sua edição do dia 8 de julho: “Quem ‘espanca’ a frente ampla alia-se a Bolsonaro”. De fato, quando os militantes do PCO colocaram o PSDB para correr, não estavam apenas se indispondo contra o tucanato genocida que assombra a população paulista, mas sim contra a política de infiltração da direita no movimento — chamada pelo PCdoB de “frente ampla”.

O erro, no entanto, está em considerar que espancar a “frente ampla” equivale a aliar-se a Bolsonaro. Trata-se exatamente do contrário: historicamente, a submissão das organizações da classe operária aos partidos de direita sempre foi um empecilho para que os trabalhadores se unificassem, pegassem em armas e enfrentassem a extrema-direita. A política de “frente ampla”, que foi a orientação oficial dada pela burocracia soviética — admirada até hoje pelo PCdoB —, pede aos trabalhadores que não se vinguem daqueles que lhe matam de fome, mas sim que deposite suas esperanças nesses vigaristas que só se interessam com sua própria carreira.

A história recente, inclusive, dá mostras disso. Os “aliados” que o PCdoB tanto clama são aqueles que derrubaram o governo Dilma Rousseff, que colocaram o ex-presidente Lula atrás das grades, que se calaram diante de todas as ameaças dos militares e que apoiam o governo Bolsonaro no Congresso. A política de “frente ampla” é a operação que busca tirar o protagonismo das ruas, da mobilização, na situação política e jogá-la no colo do parlamento, do STF e de todas as instituições que são controladas pelos golpistas, funcionários do imperialismo.

Mas não é só isso. O problema não se trata apenas de direcionar as esperanças para um terreno infértil. Na medida em que o PCdoB chama para os atos os assassinos do povo, ele está, na verdade, expulsando o povo das ruas. Ninguém que perdeu seus parentes para a pandemia é obrigado a protestar ao lado dos principais responsáveis pela crise sanitária. Ninguém que perdeu seu filho para a máquina de matar da Polícia Militar tem que ficar de mãos dadas aos seus chefes. Com essa política, é impossível apresentar uma perspectiva real para o povo: ninguém vai querer sair de casa para manter as coisas como estão.

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