Desde que o ex-presidente Lula recuperou seus direitos políticos, a crise no regime político ficou ainda mais em evidência. Diante da completa desmoralização da Lava Jato e o risco de naufrágio de todo o regime, a burguesia e os golpistas – que de forma criminosa tiraram o petista da disputa eleitoral em 2018, para eleger Bolsonaro – desta vez tiveram que recuar e devolver os direitos de Lula. Desta forma, a candidatura do ex-presidente como uma carta na mesa elevou ainda mais a polarização política no País e obrigou que todos os setores políticos se posicionassem.
O fato do ex-presidente ter recuperado seus direitos políticos elevou a estima de todos aqueles que o apoiaram, ou seja, dezenas de milhões de pessoas. Isto fez com que a imprensa burguesa tivesse que tratar da sua candidatura, pois não foi mais possível simplesmente continuar omitindo o petista da discussão política nacional.
No entanto, esta vitória foi apenas parcial, a burguesia continua com pelo menos 8 processos contra o ex-presidente e desde então passou também a disputar sua candidatura. Foi assim que vários direitistas dos mais criminosos – que tiveram participação destacada no golpe de Estado de 2016 e na fraude eleitoral de 2018 – passaram a dar declarações sinalizando que poderiam apoiar o ex-presidente contra Bolsonaro em 2022. O ministro da ditadura, Delfim Netto, o genocida “científico” João Doria (PSDB) e o general do roubo da Previdência, Rodrigo Maia (DEM) estão entre estas figuras. Trata-se de uma clara manobra para incentivar a política da frente ampla com setores golpistas, pressionando Lula e o PT a fazerem cada vez mais acenos à direita.
O objetivo é claro: desmoralizar a candidatura de Lula diante da sua ampla base popular. Os movimentos de elementos burgueses em direção ao ex-presidente e ao PT, quando são retribuídos por estes – como a entrevista ao bandoleiro político Reinaldo Azevedo (o criador do termo petralha) – não ampliam o apoio popular que Lula tem, pelo contrário, geram desconfiança sobre a serviço de quais objetivos e interesses de classe a candidatura do ex-presidente e um possível 3º governo seu estarão.
Estas articulações da burguesia são manobras para confundir o panorama político. Para não se perder é preciso considerar os dados concretos da situação, o posicionamento de cada classe social. A burguesia de conjunto – vide seus principais setores, como os capitalistas do mercado financeiro, a imprensa burguesa, os bancos e o alto comando das forças armadas – continuam apoiando Bolsonaro. As críticas e ataques que setores burgueses fazem a ele não tem o intuito de derrubá-lo, mas de desgastar seu governo até as eleições, buscando abrir caminho para um candidato da direita tradicional que vá para o 2º turno em 2022. Caso isso não ocorra, estes setores já sinalizaram que irão novamente apoiar Bolsonaro contra Lula e o PT.
A situação no Brasil é explosiva. Nesta sexta o País ultrapassou as 348 mil mortes por coronavírus. A campanha de vacinação está praticamente paralisada, alheia a urgência da necessidade de imunizar o maior número de pessoas no menor espaço de tempo. Desta forma, o boletim da dia quinta (8/04) registrou mais de 4.200 mortos em 24h!
Somado a isso, a taxa de desemprego está em 14,2%, já são mais de 14,3 milhões de brasileiros desocupados e 76,4 milhões fora da força de trabalho, segundo dados oficiais da PNAD-Contínua do IBGE. O aumento dos preços dos alimentos, do gás de cozinhas e dos combustíveis, a alta recorde da inflação medida pelo IPCA, o auxílio emergencial na média de R$250,00 – um verdadeiro deboche do povo – são sinais de que a conta não irá fechar.
Diante de tudo isso, no próximo 1º de Maio, dia internacional dos trabalhadores, é necessário apresentar um programa de luta que vincule todas as reivindicações populares, como a redução da jornada de trabalho sem redução de salário; o salário mínimo vital de R$5.500,00; a vacina para todos imediatamente; a quebra das patentes para a produção nacional dos imunizantes; como um eixo de luta para que a candidatura de Lula seja lançada contra todos os golpistas e por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.
