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Polarização

A burguesia impaciente e o impeachment

Entrevista no Estadão mostra que o impeachment de Bolsonaro é um distracionismo, uma pressão para colocar o governo na linha e desidratá-lo até 2022

Na medida em que o País se aproxima das eleições de 2022, a burguesia intensifica sua campanha contra a polarização entre Lula e Bolsonaro. Isto porque se essa disputa se concretizar, os capitalistas não conseguiriam emplacar seu candidato ideal de direita e teriam novamente que apoiar Bolsonaro para evitar a volta de Lula e da esquerda ao poder. Isto fica claro em entrevista publicada no jornal O Estado de S. Paulo neste domingo (28), que dá a medida do interesse dos capitalistas e mostra porque a jogada do impeachment de Bolsonaro é só um distracionismo, uma pressão para colocar o governo na linha e desidratá-lo até 2022.

Sob o título “A sociedade mais do que perdeu a paciência”, o jornal burguês publicou entrevista com o cientista político Luiz Felipe d’Ávila, que acredita ser este o momento para “impulsionar uma alternativa de centro aos populismos que se revezam no poder nos últimos 20 anos”. Ou seja, que a burguesia precisa lançar uma candidatura de direita para se opor à polarização entre Lula e Bolsonaro, que seriam os “populismos” que governaram nos últimos anos.

Isto vai ficando ainda mais claro ao longo da entrevista. Quando perguntado sobre se pode dizer que a sociedade civil perdeu a paciência, o “cientista político” – este tipo que a burguesia volta e meia recruta para expressar sua política – disse que “com certeza”, que é um alerta que a sociedade civil perdeu a paciência e está tentando ocupar os vácuos de poder do governo junto com governadores e prefeitos. Aqui é preciso dizer que “sociedade civil” não é sinônimo do povo, dos trabalhadores, da população. Afinal, a população não está indo na onda da burguesia e apoiando os governadores, prefeitos e as instituições do regime golpista, como o Congresso, como se estes fossem os opositores de Bolsonaro, quem está fazendo isso no máximo é um setor da esquerda. Logo, o termo “sociedade civil” usado pelo jornal e pelo especialista é um disfarce para se referir à burguesia, aos capitalistas, que estão procurando controlar o governo Bolsonaro através desta oposição da direita.

A declaração de Artur Lira

Ainda segundo o “especialista”, a “sociedade civil”, junto com governadores, prefeitos etc., teria conseguido um aliado importante, vide declaração do presidente da Câmara, segundo ele, deu um “recado claro” que entre o governo Bolsonaro e a sociedade civil, leia-se a burguesia, ficaria com a segunda.

Mas a questão chave está na próxima pergunta do jornal: “O ‘sinal amarelo’ de Lira significa que a palavra impeachment voltou ao ar?

Ao que dÁvila respondeu: “Acho que está um pouco cedo para a palavra impeachment… O processo de impeachment durante a pandemia seria muito ruim, pois aumentaria a tensão quando precisamos de união em torno do combate à crise. Agora, o impeachment será inevitável se começarmos a ter grandes movimentações populares. Pode-se caminhar para este ponto se, nessa fase crítica, Bolsonaro continuar na estrada do desgoverno. Enfim, é cedo para se falar, mas não pode mais descartar.

Ou seja, a burguesia não quer impeachment, quer evitar a polarização. Isto porque esta disputa demarca claramente o bloco da burguesia e dos golpistas, da extrema direita e da direita tradicional de um lado, e os trabalhadores, a população e a esquerda de outro. novamente a burguesia tivesse que apoiar Bolsonaro para manter o golpe de Estado.

O que os capitalistas estão fazendo neste momento é aumentar a pressão sobre o governo Bolsonaro, utilizando o impeachment como uma ferramenta para enfraquecer o governo até o próximo pleito. Isto porque desde a vitória dos candidatos do presidente golpista Jair Bolsonaro, Artur Lira (PP) e Rodrigo Pacheco (DEM), nas eleições para a presidência da Câmara e do Senado, significaram uma derrota da direita tradicional (PSDB, DEM, MDB e afins) e da frente ampla (sua aliança com setores da esquerda), que viram seus próprios parlamentares abandonarem suas candidaturas e passarem para o lado do governo. Isto levou ao enfraquecimento, inclusive, da candidatura presidencial deste bloco, que até então projetava o governador tucano João Doria (PSDB).

A esquerda pequeno-burguesa defende cegamente os interesses dos capitalistas, achando que estão defendendo os do povo trabalhador. Não se pode confundir “sociedade civil” (que significa apenas “a burguesia” no discurso dos porta-vozes do empresariado) com o povo pobre e esmagado. Não interessa à classe trabalhadora apoiar o impeachment farsa de Bolsonaro, que está sendo levantado novamente apenas como instrumento de pressão sobre o governo. É preciso mobilizar os trabalhadores em torno das suas próprias reivindicações, ou seja, aumentar a polarização contra o regime golpista, o que se expressa no apoio à candidatura do ex-presidente Lula por um governo dos trabalhadores.

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