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Análise Política na TV 247

Rui: “A esquerda está com um sério problema de paralisia”

"A esquerda está com um sério problema de paralisia cerebral e não percebeu o perigo", afirmou Rui sobre a comemoração da direita do golpe de 1964.

Em mais uma Análise Política na TV 247, o presidente do Partido da Causa Operária comentou sobre os temas mais quentes na situação política nacional e mundial. O programa ocorre todas as terças às 16h e, neste 30/03/2021, foi comandado por Leonardo Attuch. Abaixo está um resumo dos principais momentos do programa, obrigatório na agenda de qualquer militante marxista e qualquer um que pretenda entender com clareza a situação política no Brasil e no mundo.

As notícias recentes mostram que, nem mesmo a imprensa golpista, sabe o que está acontecendo. A análise da imprensa direitista de que a demissão do Ministro da Defesa se deu porque ele não concordava com uma atitude golpista de Bolsonaro, não parece muito verossímil porque implicaria na conclusão de que existe algum golpe em marcha, o que não parece estar acontecendo. A ideia de que Bolsonaro estaria encurralado, também não parece ser correta, e a conclusão mais absurda é a de que o “centrão” teria dominado, a partir de agora, o governo Bolsonaro.

Rui esclareceu o seguinte: “Nas Forças Armadas, na cúpula, são todos golpistas. [A ideia] de que existem militares contra o golpe é mentira. É difundir coisas totalmente sem sentido. O próprio Mourão falou recentemente que as Forças Armadas sempre estarão com a legalidade. Quem acredita nisso daí? Eles foram os artífices do golpe de 2016 e da retirada de Lula das eleições [de 2018]”.

Relevando a troca de ministérios com a concessão de um cargo pouco expressivo para o “centrão”, Rui destaca que o que há de importante nos acontecimentos recentes está na mudança das Forças Armadas. Bolsonaro está se cercando de pessoas de sua confiança, elevando aos postos mais altos aqueles militares mais “linha dura”. Isso significaria que há um golpe de estado em curso? “Essa é a grande pergunta. Acho que, de um ponto de vista geral, ele está preparando as eleições de 2022. Porém, há alguma coisa acontecendo que nós não sabemos direito o que é. Porque há muita movimentação da extrema-direita e das Forças Armadas”.

Leonardo Attuch trouxe para a discussão a opinião do jornalista Mário Sérgio Conti, da Folha de São Paulo, que propôs uma “Operação Valquíria” para retirar Bolsonaro pelas mãos de militares insatisfeitos com o caos que é o seu governo. Para Rui, se houvesse uma articulação dessa natureza, não teria sido tão fácil demover os líderes das Forças Armadas como aconteceu, com o novo Ministro da Defesa exonerando os três chefes das Forças.

“Não me parece uma medida muito defensiva. Acho que não chega nesse extremo., ele procurou organizar a casa. Porém, alguma coisa está acontecendo porque há muita movimentação da direita, há a comemoração do 31 de março que não deveria ser ignorada, mas todos estão ignorando isso. Acho que as Forças Armadas de conjunto estão se preparando para alguma ação, uma ação de grande envergadura. Na minha opinião, o que seria mais provável é que a situação do país está totalmente fora de controle, a questão da pandemia, e que eles estão prevendo a necessidade de adotar uma medida de força diante dessa situação”, explicou.

Sobre a queda do ministro Ernesto Araújo, é possível que tenha havido um acordo com o imperialismo norte-americano, para se tentar estabelecer relações mais neutras com o governo dos Estados Unidos. “Estamos à beira de um enfrentamento entre os EUA e a China”. Vários jornais da burguesia norte-americana publicaram notícias de que o vírus da covid-19 teria começado em um laboratório da cidade de Wuhan. Tais notícias servirão de base para uma ofensiva do Biden contra a China. “O Biden está organizando uma ofensiva contra a China e contra a Rússia e o Brasil vai se alinhar com os Estados Unidos, sem dúvida nenhuma”.

Bolsonaro nomeou a Flávia Arruda, mulher do ex-governador José Roberto Arruda para um ministério sem poder político algum. Essa atitude não deve ser vista como uma concessão ao “centrão”, visto que não vale muito. Bolsonaro controla todos os ministérios com orçamento expressivo e poder político. A escolha de Arruda é algo natural, na opinião de Rui.

A ocorrência com o PM na Bahia foi tratada por Rui como mais uma das manifestações de efervescência da extrema-direita em todo o país. Eles usaram isso como pretexto para promover uma mobilização com os PMs de extrema-direita na Bahia. O nordeste representa um eleitorado decisivo numa possível eleição Bolsonaro versus Lula. “Um ângulo que a gente precisaria ter que acho importante é o seguinte: é possível que a próxima eleição não seja uma eleição comum. É possível que ela seja uma eleição com uma enorme mobilização da extrema-direita. Já aconteceu muito no Brasil, você solta um pessoal na rua para intimidar e impedir os adversários de fazerem campanha eleitoral e tudo o mais. Acredito que esse é um possível desdobramento dessa situação”.

Essa mobilização da extrema-direita para as eleições de 2022 podem começar fora do período eleitoral. Para as pessoas que não acreditam que isso vá acontecer, Rui lembrou: “Se você tem uma bomba atômica é porque você quer soltar a bomba atômica, não para mostrar na vitrine. Se você mobiliza a extrema-direita é para usa-la contra os movimentos populares, a esquerda e tudo o mais. Isso me parece claro. Inclusive, a comemoração do golpe de 1964 é, também, uma demonstração disso”.

Rodrigo Pilha é um preso político. Quando o PCO foi contra a prisão do deputado de extrema-direita Daniel Silveira foi pensando justamente nesse tipo de acontecimento. Ser a favor do uso da Lei de Segurança Nacional, contra qualquer pessoa que seja, desarma a luta contra as arbitrariedade e, no fim das contas, tal arbitrariedade recai em cima da esquerda, do trabalhador, do pobre e do cidadão comum ao invés da direita. Existem várias pessoas respondendo processos baseados nessa Lei de Segurança Nacional e a esquerda tinha acabado de aplaudir o uso dessa lei pelo STF. “Um desnorteamento político total”.

Voltando ao tema da pandemia no país e da movimentação nas Forças Armadas, Rui conclui: “É um genocídio que é levado adiante por motivos políticos econômicos. Principalmente econômicos. Mas no Brasil a situação chegou num ponto que pode causar uma explosão, daí toda essa movimentação dentro das Forças Armadas. A raiz de tudo é isso daí”.

Outro tema foi analisando por Rui: a comemoração do Golpe de 1964 pelas instituições de Estado brasileiras. “Cadê o STF contendo o fascismo? Se Daniel Silveira é um perigo tão grande assim que ele precisa ser contido de qualquer maneira, o que dizer do comando de todas as Forças Armadas e do governo Bolsonaro? Eles não estão comemorando o AI-5, eles estão comemorando a ditadura, as torturas, os assassinatos, o retrocesso cultural que o país sofreu com a censura, na educação e milhões de malefícios que a ditadura causou e agora ninguém fala nada. Há um silêncio cúmplice com essa comemoração que é algo ilegal. Um governo não pode comemorar um golpe de estado. É absurdo num país que deveria ser Constitucional”.

Essa comemoração da extrema-direita e dos militares representa um ponto de reagrupamento da direita, pois eles estão se organizando para fazer alguma coisa. Por isso é tão importante que a esquerda dê uma resposta. “Nós procuramos um monte de gente da esquerda para fazer os atos, mas a esquerda está com um sério problema de paralisia cerebral e não percebeu o perigo”.

 

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