Em artigo deste sábado (8), no jornal golpista Folha de S. Paulo, o jornalista Demétrio Magnoli defendeu a tese de que “O vírus governa o Brasil”, tendo essa frase como título. No texto ele faz verdadeiros “malabarismos” para explicar sua tese, como ao apresentar que a taxa de 48 mortos pelo coronavírus para cada 100 mil habitantes no Brasil seria uma das menores, abaixo de Bélgica, Espanha, Itália, Suécia e EUA, por exemplo. Esquecendo, um “pequeno” detalhe que é a gigantesca subnotificação no país, que alguns estudos estimam que os números reais possam ser de 10 a 15 vezes maiores que oficialmente divulgados.
Em outro trecho chega a afirmar que o Brasil, ao contrário da Itália ou Equador, não fracassou no atendimento aos doentes, evitando “mortes evitáveis”. Outro verdadeiro delírio, pois uma das maiores mazelas do povo brasileiro seria justamente a falta do atendimento médico em qualquer momento, que com a pandemia do coronavírus se potencializou, inúmeros registros de pessoas morrendo em casa, na porta e corredores dos hospitais continuam a acontecer, além da prática criminosa orientada pelos governos em que boa parte dos contaminados teve o tratamento negado nas unidades de internação, sendo mandada de volta para “se curar” em casa.
Outro ponto destacado pelo senhor, é sobre o que poderia ser feito para evitar a contaminação. Primeiro ele afirma que o chamado lockdown, de forma, ampla não seria possível, por conta das “divergências políticas”, colocando a decisão do STF negando a interferência de Bolsonaro nos Estados e a falta de ação do Ministério da Saúde, que estaria tomado por militares que só seguem às ordens do capitão presidencial. A priori as afirmações pareceriam ser verdadeiras, exceto pelo fato de que escondem a responsabilidade do principal agente, o presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro e seu governo.
Os “malabarismos”, tecidos no texto visam, na verdade, trazer uma série de elementos colaterais da discussão e esconder os fatos principais, que são dois. Primeiro, o desastre da pandemia no Brasil é resultado direto da política tocada pelo governo Bolsonaro que, não é só “negacionista” como cita Magnoli, é um governo de ataque constante à população, que aproveitou a crise sanitária, inclusive, para aprofundar esses ataques, implementando medidas de assalto à classe trabalhadora, como cortes de salários e benefícios, fim de programas sociais, permissão das demissões em massa, transferência de recursos do Estado para os capitalistas numa escala nunca vista etc, além de fazer a população pagar os custos da crise econômica e sanitária com a própria vida.
Segundo, e mais importante, é que este tipo de crítica paralela, tangencial visa esconder que esse governo, que é a extrema direita no poder, e toda a destruição que ele causa é de inteira responsabilidade, não dos brasileiros como Magnoli cinicamente afirmou, é de responsabilidade da direita brasileira, da direita que deu o golpe e derrubou o governo de Dilma Rousseff em 2016, que prendeu por mais de 500 dias o ex-presidente Lula para que não disputasse as eleições de 2018 e abriu o caminho para a vitória de um dos piores asseclas que já ocuparam o cargo da presidência da República.
O contorcionismo em formato de texto, serve para tentar limpar a barra da direita golpista e, principalmente, dos grandes meios de comunicação como o jornal Folha de S. Paulo francos apoiadores do golpe de 2016, e permitir tocar uma das suas atuais políticas, a Frente Ampla, que no cálculo eleitoral da direita visa reestabelecer, ressuscitar figuras do chamado centro político para viabilizar candidaturas nas próximas eleições.
A classe trabalhadora não pode se deixar enganar por pseudo intelectuais como os apresentados pela grande imprensa golpista, que tem a função somente de, usando argumentos superficiais e fraudulentos, conduzir a classe trabalhadora para armadilhas eleitorais em prol de candidatos da direita.