Nesta semana esteve em destaque nos monopólios de imprensa a notícia de que a quantidade de pessoas que já contraíram o vírus da Covid-19 em São Paulo/SP, a cidade que acumula o maior número de mortos pela doença de todo o hemisfério Sul, teria aumentado de 11% para 13,9% da população, conforme pesquisa realizada pela prefeitura. Foi dado ainda especial destaque, tanto pela imprensa quanto pelo prefeito Bruno Covas, ao fato de que este aumento foi proporcionalmente maior nos distritos de maior IDH da cidade, que abrigam parte da reduzida população burguesa e de classe média-alta.
Citamos abaixo um trecho da fala do prefeito durante a divulgação da pesquisa. Nota-se que um breve comentário sobre a realidade do problema é logo colocado de lado pelo destaque ao agravamento percentual do número acumulado de casos entre os setores mais ricos da sociedade.
“É uma doença que traz luz à desigualdade social que nós temos na cidade de São Paulo. Então a prevalência maior nas regiões de menor IDH, entre a população menos escolarizada, entre pretos e pardos, nas residências com maior quantidade de pessoas. Mas a gente não pode deixar de destacar que neste último inquérito houve um aumento de 53% do número de casos nos distritos de maior IDH e um aumento de 100% na região centro-oeste, que é exatamente uma das regiões mais ricas da cidade”
Esta preocupação real com o agravamento da pandemia entre a principal base de apoio dos governos tucanos que controlam o estado de São Paulo há cerca de 30 anos, aos quais se juntam o atual governador do estado e prefeito de São Paulo, que se coloca em evidência em relação à preocupação fingida com o agravamento da pandemia nos bairros operários em geral – um agravamento proporcionalmente maior e que se dá nas regiões que concentram a maioria da população paulistana – torna claro o seu caráter político.
Reagindo a uma provável indisposição dos moradores dos bairros mais ricos da cidade, cuja maioria possui plenas condições de arcar com os custos de prevenção e tratamento da Covid-19, os governos e órgãos de imprensa da burguesia se apressam para demonstrarem sua preocupação. Isto enquanto veiculam nas televisões, portais na internet e espaços publicitários dos sistemas de transporte público campanhas ostensivas pela retomada das atividades econômicas. Este fica como mais um exemplo esclarecedor de que a burguesia e seus governos se interessam apenas pela sua auto-preservação.