No dia 8 de dezembro (terça-feira), a Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai) informou a morte de 894 indígenas por contraírem o novo coronavírus. Foram 42.192 infectados entre 161 municípios por onde eles viviam. Esses dados foram apurados pela Comissão Nacional da Vida e Memória Indígena e monitorados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA).
Essas numerosas mortes não são à toa. O governo se negou a utilizar quase metade dos recursos destinados ao combate ao coronavírus entre os povos originários. A Fundação Nacional do Índio (Funai), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, contabilizou pouco mais de R$ 41 milhões à disposição, advindos de recursos próprios mais os extra orçamentários. No entanto, apenas R$ 21,3 milhões, ou seja, quase metade do montante, exatos 52% dos recursos, foram utilizados para disseminar a doença da população indígena, deixando-os à própria sorte. Isso é definitivamente um crime contra a vida de sua própria população. Esse é o governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Este adendo foi um estudo apontado pelo Instituto Socioambiental (ISA) que apontou a disparidade dos recursos utilizados pelo governo diante do montante em que se dispusera a Funai. Em entrevista com a Veja, a assessora política do Instituto, Leila Saraiva, aduziu que o baixo índice da execução orçamentária vem da política indigenista fragilizada, tendo defasagem de corpo técnico dentro do órgão e também da baixa prioridade política, resultando na ausência do cumprimento de deveres constitucionais.
No dia 14 de dezembro (segunda-feira), O Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia na Holanda, emitiu uma denúncia contra Bolsonaro por crime contra a humanidade, acusado de violações contra a população indígena; por perseguir pesquisadores de órgãos de pesquisa e de ter sido “flagrantemente omisso” na resposta aos crimes ambientais na Amazônia. É a primeira vez que o escritório da procuradora chefe do tribunal se dispõe a realizar uma análise preliminar da jurisdição em relação a um presidente da república brasileiro.
Não é por acaso que as mortes de indígenas são altíssimas e que se entra nas terras indígenas de forma devastadora. Isso ocorre de maneira intencional para acabar com os indígenas e os latifundiários tomarem suas terras. Os capitalistas não querem gastos, mas sim usurpar terras e riquezas, e os povos indígenas são uma pedra em seu sapato. Abandoná-los é a maneira mais barata que o governo de extrema direita, representado por Jair Bolsonaro, encontrou para solucionar seus problemas.