Os acontecimentos do dia 13 são esclarecedores do impasse que existe na luta pelo Fora Bolsonaro. Como se sabe, a data foi estabelecida pela plenária virtual das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, como um dia nacional de luta pelo Fora Bolsonaro, com a realização de ato nacional virtual e atos nos estados a critério das organizações locais que compõem as duas frentes.
O que se viu nesse dia foi a repetição do que já havia ocorrido diante de outros atos de boicote aberto do que é considerado como a direita da esquerda – direita do PT, PCdoB e PSOL -, são os defensores dentro da esquerda da frente ampla, uma unidade com os partidos e políticos da direita golpista.
O resultado prático dessa política é a defesa da permanência de Bolsonaro no governo ou no máximo uma ação institucional via Congresso Nacional, o que, no final das contas dá no mesmo.
No Rio de Janeiro foi patente o bloqueio do PCdoB para que a Frente Brasil Popular não chamasse ato de rua. Um militante de nome Leonardo Guimarães desse Partido, intitulando-se “membro da operativa da Frente Brasil Popular no RJ” classificou o PCO como “mentiroso” e “oportunista” nas redes sociais, pelo “condenável crime” de ter chamado um ato para a Cinelândia no dia 13, com a inclusão da Frente Brasil Popular na convocatória da divulgação do ato. Quer dizer, chamar um ato presencial pelo Fora Bolsonaro é “crime”, mas buscar unidade com Fernando Henrique Cardoso, Luciano Huck, Rodrigo Maia, Ciro Gomes, o PSDB, o PMDB, enfim, todo o centrão, é uma política “progressista” para se lutar contra o fascismo.
É a política expressa em São Paulo pelo ex-candidato à presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos, que consiste em um acordo com a extrema-direita bolsonarista, a fim de evitar confronto entre a esquerda e os fascistas – alterar local do ato, alternar os finais de semana na Av. Paulista entre os grupos pró e contra Bolsonaro -, enfim trata-se de uma política de evitar o acirramento da luta de classes, o confronto com a direita para as futuras eleições, em outras palavras, buscar “derrotar” o fascismo no voto. A repetição da política fracassada que permitiu a ascensão de Hitler e Mussolini ao poder.
A pressão dos adeptos da frente ampla faz-se presente sobre a esquerda que quer lutar contra o golpe e defende de fato o Fora Bolsonaro. Expressa-se por exemplo na pressão para que os sindicatos continuem fechados, substituir os atos presenciais por carreatas, atos virtuais, panelaços, quando muito atos presenciais, mas sem confronto com a extrema-direita.
A questão central é que se de fato queremos o Fora Bolsonaro, se queremos o impeachment de Bolsonaro que assinamos juntos, não podemos ter essa postura. É preciso ir firmemente às ruas. É preciso mobilizar seriamente o povo. Não essa política de fica em casa, seja pela consideração que for. O coronavírus existe, a direita é perigosa, a polícia é bolsonarista, mas nós somos o povo e o povo nas ruas derruba Bolsonaro, impede o golpe, derrota a polícia.