Na quinta-feira (26), dois meninos negros que vendiam salgadinhos nos semáforos estavam na praça de alimentação do Via Shopping Barreiro, localizado em Belo Horizonte (MG).
Os dois meninos haviam ganho um lanche e estavam comendo, segurando seus sacos de salgadinho. O segurança do estabelecimento abordou os meninos, com o objetivo claro de expulsá-los. As pessoas perceberam o que estava ocorrendo e manifestaram repúdio à atitude do segurança. Uma pessoa disse: “tá maluco!” e outra pessoa disse “Ninguém aceita mais esse tipo de tratamento não, rapaz. Pode deixar os meninos comer”.
Em nota à imprensa sobre o episódio, o Via Shopping Barreiro disse que repudia todos os tipos de discriminação nos seus espaços e que qualquer atitude neste sentido será combatida. Porém, a abordagem dos seguranças sequer foi citada.
O caso se assemelha com o episódio do Carrefour, onde um homem negro foi espancado até a morte por seguranças do estabelecimento. Um dos indivíduos que espancaram o homem era policial militar. Os meninos têm em comum o com o caso Carrefour o fato de serem negros e, portanto, são considerados como elementos perigosos e suspeitos nos espaços da burguesia e das classes médias, sendo que os shopping centers são um desses espaços privilegiados de consumo para poucos.
A abordagem dos meninos demonstra que a população pobre e negra não é bem-vinda no Via Shopping Barreiro. Se não fosse a reação das pessoas, é possível que os meninos apanhassem e até mesmo fossem assassinados pelos seguranças.
As empresas de segurança privada são milícias fascistas a serviço da proteção da propriedade privada da burguesia. São inúmeros os casos de racismo, expulsão, espancamento e assassinato da população pobre e negra no interior de estabelecimentos comerciais, supermercados, shopping centers.
A burguesia necessita de um amplo aparelho de repressão oficial e extra-oficial para proteger sua propriedade, que é a fonte de suas riquezas, de seu poder político e privilégios na sociedade. As empresas de segurança privada são um complemento do sistema de repressão oficial e respondem aos interesses gerais da burguesia.
É preciso ter clareza de que as empresas de segurança privada treinam para espancar, humilhar, intimidar e até assassinar a população pobre e negra. São reprodutores da ideologia fascista, de aniquilação de tudo o que é considerado um perigo para a propriedade burguesa. Os casos não são isolados, diferente do que dizem os veículos da imprensa capitalista. Há um modus operandi que se reflete no caso em questão e no assassinato do homem negro no Carrefour.