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Política de unidade nacional

A crise, ao contrário da propaganda, acirra a luta de classes

Artigo polemiza com a posição de Rui Costa (PT/BA) onde afirma que esse momento de crise é preciso deixar as ideologias de lado porque o inimigo é o mesmo, o vírus corona. Será?

Nesta semana, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), fez o seguinte comentário sobre as declarações amistosas entre Lula e o govenador tucano João Doria. “Neste momento não existem adversários nem partidos políticos, somos todos brasileiros em guerra contra um adversário poderoso. A guerra é para salvar vidas”, disse Rui Costa.

A declaração do governador da Bahia resume perfeitamente a política, não apenas pessoal, mas do conjunto da esquerda diante da enorme crise econômica e de saúde pública. A declaração apaga a luta de classes, as divergências entre explorados e exploradores, entre ricos e pobres para defender que, diante da crise, não há inimigos políticos e sim uma grande família para enfrentar o vírus Corona, e deixar as divergências políticas para momentos de eleição.

Está apresentada, de maneira muito clara, que essa é a política de unidade nacional. A política de unidade nacional é colocada frequentemente em momento de crise, onde as organizações de esquerda e a classe operária são colocadas a reboque da direita e da burguesia por total falta de orientação política por parte da esquerda. Fica revelado, nesses momentos de crise, que a  esquerda não possui um programa para situações de crise aguda e que sua política é só para momentos de certa estabilidade, e que em momentos de crise, a esquerda se agarra na direita seguindo cegamente sua agenda.

A política de unidade nacional tem que ser esclarecida para os militantes de organizações de esquerda e a classe trabalhadora pois gera muita confusão e só resolve o lado da burguesia, enquanto a população sofre com as consequências brutais das crises.

A afirmação apresentada por Rui Costa, e a maior parte da esquerda, de que este momento é de união e que existe uma política comum entre a esquerda e a direita deve ser amplamente denunciada. Existe uma política de interesses comuns entre a classe dominante e os trabalhadores? é claro que não. A resposta tem que ser categórica: “não!”

Ao contrário da propaganda da esquerda pequeno-burguesa e da direita, a crise não elimina as divergências políticas e muito menos os interesses opostos das classes sociais. Essas divergências não apenas continuam existindo, como se intensificam muito. Quando há uma crise econômica, a luta de classes se intensifica porque nunca a crise é enfrentada com uma política que atenda igualmente a todos os cidadãos. É enfrentada, isto sim, com uma política que favorece a classe dominante.

No caso da crise de saúde pública em que estamos vivendo, ocorre exatamente a mesma situação. A população pobre está à mercê do vírus, trabalhando e vivendo sob condições distintas da burguesia, o que deixa exposta a maior parte da população do país. Enquanto a burguesia e a pequena burguesia ficam em quarentena, a população pobre não tem a mínima condição de ficar reclusa e são obrigados pelos patrões a irem trabalhar senão serão demitidos, se apertam em transportes coletivos ainda mais superlotados enquanto a política de beneficiar as empresas de ônibus da burguesia, reduz a frota durante a crise, entre muitos outros exemplos.

Do ponto de vista da política ocorre a mesma situação. Um outro bom exemplo é que nenhum governo, seja estadual ou federal, decretou intervenção nos serviços privados de saúde. Isto significa que há dois tipos de tratamento do vírus: o da população pobre, que se defronta com um sistema de saúde totalmente precário, e o tratamento da população mais abastada, que pode se tratar em hospitais privados e com recursos. Isto quer dizer que não há nenhuma igualdade na prática e muito menos solidariedade.

A burguesia busca salvar a sua pele, seus negócios e o seu dinheiro as custas de esmagar ainda mais o povo. Seja ao se aproveitar da crise e transferir uma quantia incalculável de recursos públicos para os caixas de bancos e monopólios, ou nas demissões.

 

Uma fraude política

 

A política traçada pelo governador da Bahia, além de ser cinicamente falsa, simplesmente não existe. O governo distribui trilhões de reais para aos banqueiros e outros monopólios capitalistas e cerca de mil vezes menos para o conjunto da população. Ou seja, uma pequena parcela da população multimilionária recebe o grosso dos recursos enquanto a totalidade da população que passa necessidade tem que brigar por migalhas.

A política de Rui Costa e de grande parte da esquerda defensora da unidade nacional é de completa subordinação dos partidos e organizações de esquerda, trabalhadores e da população pobre aos interesses das classes dominante. Ao enunciar uma política como essa, propõe que a população pobre se adapte a situação de caos, de crise de saúde pública, de agravamento da pobreza em detrimento da maioria da população.

É preciso ficar claro que não há luta comum, pelo contrário, os interesses se acirram e o conjunto da esquerda adotou essa posição, se colocando a reboque dos governos de direita e abandonando as reivindicações fundamentais da classe operária.

 

Reciclagem de políticos da direita

 

Essa falta de política da direita se revela ainda mais na completa subordinação da esquerda aos governos estaduais de direita e figuras repugnantes, como o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM/MS). Há o apoio aos governadores na política de isolamento social em contraposição ao Bolsonaro, de maneira totalmente acrítica, e contribuindo na política da direita de desinformação sobre a falta de leitos, desabastecimento de itens de saúde pública, profissionais da medicina sem condições de segurança.

A manifestação favorável ao ministro da Saúde, o golpista Luiz Henrique Mandetta (DEM/MS), que apoiou a derrubada de Dilma Rousseff, fez campanha e colocou em prática a privatização do Sistema Único de Saúde (SUS), apoiou o corte de recursos do SUS e a PEC do congelamento dos recursos por 20 anos, principal articulador de ataques aos médicos cubanos e pelo fim do programa Mais Médicos. A esquerda aplaude e está transformando esses elementos políticos em heróis, quando são o que há de pior na política.

A unidade nacional, consegue dois feitos: subordinar politicamente e doutrinar a população para confiar nos seus inimigos políticos, e transformar esses governadores e ministros da direita e da extrema direita em grandes políticos e heróis do povo.

Liquidação da esquerda

 

Essa mesma política foi expressada pelo governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), quando pediu para o fascista Jair Bolsonaro renunciar em favor do general de extrema direita Hamilton Mourão ou dirigentes do PT, PCdoB e Psol pedindo a renúncia de Bolsonaro.

É a liquidação total da esquerda, que sem uma política própria e independente, se transformou num apêndice da direita. Um ótimo exemplo dessa política é a esquerda no parlamento. Fazem grandes e fervorosos discursos, discutem com elementos da direita, levanta-se o famoso cartaz, leva laranjas e enganam o povo que o Congresso vai tomar alguma medida diante dos problemas mas, quando uma crise grave se instala e a população corre perigo, fogem da luta e entregam a situação para a direita. Abaixam as bandeiras e reivindicações e apresentam a solução a política de unidade com a direita.

A classe operaria precisa de uma direção independente e com um programa combativo para lutar contra a burguesia, especialmente no momento de crise em que vivemos. Do jeito como as coisas estão se encaminhando, as opções para o trabalhador são morrer de fome ou morrer do vírus corona.

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