Como já era previsível acontecer, o comércio reabre com a pandemia a todo o vapor e o contágio a mil por hora. Em um panorama em que nem o surto de contágio e contaminação foram controlados, nem a classe trabalhadora conseguiu que o Estado a socorresse com todo o necessário para que a blindasse e à sua família da Covid19.
E é dessa forma que a semana que marcou a volta à normalidade é retomada com o considerável aumento de usuários de ônibus na cidade de São Paulo, contabilizados em 200 mil pessoas. Foi o que registrou, na segunda-feira (8), a prefeitura, ao comparar o registro do transporte de 1,3 milhão de passageiros nesta data, contra 1,1 milhão da semana anterior do dia 1º.
É claro que a prefeitura de SP com Covas (PSDB) à sua frente, recomendou que os ônibus municipais da capital viajassem apenas com passageiros sentados, mas não foi o que aconteceu pois os veículos estavam lotados logo no primeiro dia útil da medida. E não se esperava nada de diferente disso, como também não foram tomadas medidas necessárias para lidar melhor com isso.
Todos ficam prejudicados, enquanto o comércio volta às boas. Os usuários se viram com os ônibus lotados, e os profissionais do transporte: motoristas, cobradores, fiscais em campo, apontadores etc., são compelidos à uma rotina de contágio e disseminação sem controle e arriscada para todos.
O Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Cobradores), anunciou que negocia com a administração pública a volta da circulação de toda a frota de ônibus como medida para conter a aglomeração no ponto e a lotação dos ônibus, mas não adotou qualquer media para mobilizar os trabalhadores e defender suas vidas e dos usuários, em risco.
O sindicato também informou ainda – sem criticar o governo e as empresa – que uma parcela correspondente a 10% do efetivo, 3500 profissionais, ou já estava comprometida pela Covid19, ou integrando o grupo de risco, e portanto, afastados temporariamente do exercício da profissão.
Tratou-se de encenar um acordo de um suposto aumento gradual das atividades, até a operação com 92% da frota, 11.828 coletivos. Ajudando o governo e empresas a enganar a população, o secretário-geral do Sindmotoristas, Francisco Xavier, comemorou o resultado. “Nós estávamos operando com no máximo 75% da frota”, coisa que todo mundo sabe que – nem de longe – corresponde à realidade.
O “acordo’ – que respeita apenas a vontade dos empresários – não resolve o problema, para o que seria necessária não só a circulação de 100 da forte, como também o aumento da mesma e a contratação de pessoal para que não haja lotação e todos possam viajar sentados e como devido distanciamento social.
Melhor sorte não socorre o pessoal dos trens e metrôs, cujo problema não é diferente e reclama uma melhor assistência dos profissionais e usuários igualmente.
Uma lista que inclui a adoção de recomendação que vai desde requisição da frota integral, de protocolos de distanciamento entre passageiros, a comunicação com passageiros sobre os perigos de contágio da doença e comportamentos preventivos parece ser o melhor que se conseguiu até agora, o que acaba sendo medidas inócuas e também não resolvem o problema.
As instituições públicas, com os pés e mãos atadas por serem reféns de uma política neoliberal, genocida e hipócrita, enganam a população com providências que nenhum proveito trazem. Como quem quer demonstrar ter o controle da situação elas dizem que: “Primeiro vamos aguardar as respostas das empresas. Depois, continuaremos a acompanhar a implementação das medidas ao longo dos dias, inclusive nos inquéritos civis que estão em andamento nas Promotorias do Consumidor e Habitação e Urbanismo e nos procedimentos instaurados na Defensoria Pública.” Mas nada disso importa mesmo, porque não retiram o risco das ruas e nem protegem os trabalhadores.
A melhor solução e a mais efetiva não se pode esperar das instituições. Os trabalhadores precisam acabar com essa ilusão e tomar para si as rédeas da situação, impondo uma grande paralisação do sistema de transporte da cidade de maneira que os capitalistas sejam intimidados ao ponto de, em vez que acordos que garantam o lucro deles prejudicando usuários, motoristas e cobradores, tenham uma frota capaz de atender a população viajando sentada.
Com certeza, sem paralisação e greve, essa alternativa que resolve o problema nunca será a escolhida livremente e será sempre preterida para prejuízo de todo o povo trabalhador: usuários e profissionais.