Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) demonstram que o Tocantins já ultrapassou o Mato Grosso do Sul e se situa como quinto estado com maior número de focos de queimadas. Até mesmo as áreas de proteção ambiental estão ameaçadas pelo avanço do fogo.
Dos cerca de 139 municípios tocantinenses, menos da metade tem brigadas de incêndio. A região Norte do país enfrenta o maior número de queimadas dentro dos últimos cinco anos. As queimadas destruíram tudo, inclusive gado, pasto e representam um enorme prejuízo para os pequenos produtores agrícolas.
As queimadas são responsáveis pela destruição de 12% do bioma pantanal mato-grossense. Recordes históricos são registrados pelos órgãos de monitoramento.
O avanço das queimadas está diretamente relacionado com a política do Ministério do Meio Ambiente. Em reunião ministerial dos integrantes do governo Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido), Ricardo Salles afirmou que era necessário aproveitar o período da pandemia do coronavírus para “passar a boiada”, isto é, aprovar todos os tipos de medidas de entrega do patrimônio nacional às empresas estrangeiras e avançar na tomada das terras pelos latifundiários.
As queimadas são um dos instrumentos utilizados pelos latifundiários para expulsar famílias sem-terra das terras e criar condições para o processo de grilagem de terras públicas. Os recordes de destruição ambiental não são aleatórios. O governo Jair Bolsonaro apoia e estimula as queimadas na Amazônia e em todos os biomas, como o próprio já admitiu publicamente. A política oficial da direita para favorecer o agronegócio é a de promover as queimadas.
As reservas florestais, parques nacionais e terras indígenas e quilombolas são frequentemente alvo de incêndios promovidos pela direita e extrema-direita. Estes últimos contam com a total cumplicidade das autoridades políticas, judiciárias e policiais, que garantem a impunidade para o latifúndio. Em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Goiás, o domínio dos ruralistas sobre o aparelho estatal é absoluto.
A devastação ambiental é parte da política da direita, para quem a terra é uma forma de acúmulo de capital, não importando quais são as consequências sobre o meio ambiente. Com o golpe de Estado de 2016, os ruralistas avançaram em sua política de tomada de terras e devastação ambiental. O governo Jair Bolsonaro é uma expressão dos interesses dos ruralistas, que constituem uma das bases fundamentais de sustentação do governo de características fascista. Além disso, os ruralistas têm forte presença no Congresso Nacional, com uma bancada de 257 deputados, o que dá uma ideia do seu grau de influência no interior das instituições do Estado.