A inadimplência dos contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) aumentou cerca de 23% desde que o governo Jair Bolsonaro lançou um programa de renegociação das dívidas, em Abril de 2019. Neste ano, havia 567 mil contratos com pelo menos noventa dias de atraso no pagamento de parcelas da dívida contraída para poder estudar em universidades privadas. Em novembro, o número subiu para 700 mil.
A inadimplência do FIES representa cerca de 47% dos 1,5 milhão de contratos na fase de amortização. Esta última é quando o estudante já se formou e passou pelo período de carência, e tem que começar a pagar a dívida acumulada contraída no período da graduação. O que se verifica no período compreendido entre 2016 -ano do golpe de Estado – até 2020 é um aumento da inadimplência devido à deterioração das condições econômicas do país e o aprofundamento dos índices de pobreza e dificuldades de sobrevivência da população.
Os capitalistas da educação, poderosos conglomerados econômicos nacionais e, sobretudo, internacionais, aproveitam-se da falta de vagas no ensino universitário público para atrair estudantes mais pobres, endividá-los e cobrar juros. O estudante já sai da faculdade com uma dívida monstruosa. A transferência de recursos públicos para as redes privadas de ensino serve para financiar os grandes capitalistas, que vendem o ensino como uma mercadoria, em geral de baixa qualidade, para a população. O mercado busca avançar sobre o ensino em todos os níveis, desde o ensino infantil até a pós-graduação.
Nenhuma verba pública deve ser transferida, sob nenhum pretexto, para as redes privadas de ensino. O orçamento público deve estar todo direcionado para a garantia de vagas no ensino público, desde o ensino infantil até a pós-graduação. O ensino público, gratuito, laico e de qualidade é um dos principais interesses da população e não deve ser permitido que fique à mercê dos capitalistas.