A expressão “cretinismo parlamentar” parece ter sido criada sob medida para a esquerda pequeno-burguesa brasileira. Quanto mais cresce a necessidade de se livrar de uma política institucional, na medida em que o golpe e a extrema-direita avançam sobre os direitos do povo, a esquerda toma o caminho oposto e se afunda no carreirismo e oportunismo mais inócuo.
O Psol tem sido o exemplo de como a política parlamentar leva a esquerda a um estado de idiotia. Em sua página no Facebook, o partido fez uma publicação se orgulhando de ser “o partido mais antibolsonaro do Brasil”.
Os que conhecem a atuação do Psol sabem que o partido está muito longe de ser um exemplo de luta contra o golpe e contra Bolsonaro. Mas a questão aqui é que para provar seu “antibolsonarismo” o Psol acabou revelando que na realidade é um partido adaptado ao governo golpista.
Segundo as informações na rede social, o Psol teria dado 15% de votos para projetos do governo. Ou seja, diferente do que a propaganda do partido está dizendo, os deputados do Psol acreditam que existe algo bom no governo Bolsonaro, ou que pelo menos 15% do que fez o governo de extrema-direita seria bom.
Ao tentar se orgulhar de ser antibolsonarista o Psol revela-se um partido que não luta contra Bolsonaro – coisa que já sabíamos – e, mais ainda, serve como sustentação para o regime golpista. De olho nas eleições, ao tentar fazer propaganda eleitoral, o Psol acabou se revelando um partiido que na melhor das hipóteses faz uma oposição de faz de conta. Não existe sequer uma oposição parlamentar de verdade. Num governo como o de Bolsonaro, um partido que fosse minimamente ligado às lutas do povo usaria as tribunas apenas para denunciar a direita e impulsionar uma mobilização para derrubar o governo.
O episódio protagonizado pelos deputados do Psol no início do ano passado quando levaram laranjas para o Congresso não era a coisa mais cretina que eles podiam ter feito. Eles são capazes de mais.