Foi enviado ao governo do estado de Santa Catarina um documento com 30 páginas feito pela Federação Catarinense de Futebol com uma série de orientações para que os clubes do estado possam retomar o campeonato estadual. Após o envio do “Guia Médico de sugestões protetivas na Retomada Progressiva do Futebol Profissional de Santa Catarina de forma segura”, representantes da federação e clubes vão se reunir virtualmente para decidir a retomada das atividades no primeiro estado brasileiro. O protocolo prevê treinos a partir de 1º de maio e rodada dia 16. A decisão deve sair nesta sexta-feira (24).
O documento se divide em quatro fases para atividades. Testes para os atletas, bolas identificadas e higienizadas para cada um, treinamento separado, com distância miníma de 2 metros e garrafas de irrigação previamente identificadas. Numa segunda fase os jogadores irão fazer treinos com contatos e situação de jogo, após a atividade todos que testaram negativo para o Covid 19 na primeira coleta poderão fazer testes novamente. Em viagens de jogos o estafe deve ser o mínimo possível e separado dos atletas. O protocolo recomenda dois ônibus para levar a equipe, com o distanciamento de jogador numa poltrona dupla sozinho e com uso de máscaras.
Nos hotéis a recomendação é que cada membro da delegação ocupe um quarto. Em possível uso de avião, devem evitar aglomerações de pessoas e se sentar em bancos nos aeroportos. Entre as medidas estão também o uso de equipamentos de proteção individual e segurança, EPI’s. Os jogos devem acontecer de portões fechados para os torcedores. O Guia médico foi elaborado pelo médico Luis Fernando Funchal, do Avaí, que também atuou na criação de um documento médico também para a CBF.
Neste momento existe uma enorme pressão econômica sobre os clubes por parte das emissoras de TV, dos dirigentes e patrocinadores para que o futebol retome os campeonatos. “Este protocolo é um mecanismo para os clubes e FCF não iniciarem um declínio financeiro com uma grande perda econômica” diz um trecho do documento. E ele está sendo colocado em pauta justamente em Santa Catarina por causa do governador bolsonarista Carlos Moisés da Silva do PSL, que seguindo a politica de Bolsonaro foi um dos primeiros governadores a liberar o funcionamento do comércio e empresas no estado.
Mesmo que o futebol pareça um negócio lucrativo e milionário, essa não é a realidade, a maioria dos times brasileiros possuem dividas impagáveis. Grande parcela dos jogares recebem um salário mínimo, quando recebem. Com a pandemia do coronavírus a situação de clubes nesse momento é desesperadora. E muitos não irão resistir a pressão capitalista, para não deixarem de existir. Sem suporte dos governos e financiadores, a opção será expor a vida dos profissionais à epidemia.
Apesar de constar no documento, ainda não há uma certeza de que os testes rápidos realmente serão adquiridos. Segundo o diretor da Associação de Clubes de SC, Claudio Gomes, em relação a decisão do governo para o Globo Esporte ele diz, “se resposta for negativa todas as decisões sofrerão alterações, vamos ter suspensão de contratos, demissões em massa. Tudo depende da resposta do Governo, por parte da associação todos terão o auxílio na tomada das decisões. Em caso de voltarmos teremos que fazer compras coletivas e nos adaptarmos as mudanças para atender ao guia médico”.
Essa tentativa de retomada dos campeonatos primeiro em Santa Catarina e em seguida por todo país, segue a politica que vem sendo implementada pelos governos direitistas em todos seguimentos econômicos no Brasil que preferem salvar os lucros dos grandes capitalistas e preservar a vida da população. A medida que prevê a volta dos atletas brasileiros aos campos de futebol coloca em risco a vida dos próprios jogadores e demais profissionais do setor.