Na manhã da última quinta-feira (6), o juiz Marcelo Bretas – uma espécie de “Sérgio Moro carioca” – autorizou operação da Lava-Jato que prendeu o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Guilherme Franco Netto. Franco Netto é acusado de ter participado de um esquema de direcionamento de contratos na área da saúde. A operação é a mesma que levou à prisão o Secretário dos Transportes de Doria, Alexandre Baldy, já solto segundo determinação de Gilmar Mendes, ministro do STF.
No entanto, não foi apresentada até agora nenhuma prova do suposto crime cometido pelo pesquisador. A única informação que se tem a respeito do caso é que ele estava investigando e denunciando os crimes da Vale/BHP Biliton no caso do rompimento da barragem em Mariana (MG), que levou à morte de diversas pessoas e à destruição quase total da cidade.
Essa prisão extremamente obscura e muito provavelmente ilegal vem na sequência de outras ações criminosas da operação Lava-Jato, que vem cassando os direitos da população desde antes do golpe de estado de 2016. Apesar de ainda faltarem informações para se compreender melhor o caso, os fatos apresentados até o momento indicam que se trata de uma prisão política, com o intuito de calar uma pessoa cujo trabalho está incomodando um setor da burguesia bastante poderoso. Nada disso surpreende em se tratando da operação golpista Lava-Jato.
É importante, no entanto, ressaltar que diversas organizações já vieram a público protestar contra a prisão de Guilherme Franco Netto. O que demonstra que a Lava-Jato já perdeu totalmente a sua credibilidade e também que uma boa parte da sociedade já percebeu o verdadeiro sentido dessas prisões e da campanha de “luta contra a corrupção”.
As organizações que emitiram notas protestando contra a prisão ilegal são as seguintes: a própria Fundação Oswaldo Cruz, onde o pesquisador trabalha; o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN), que, em sua nota de solidariedade, ressalta “Não podemos promover ou apoiar condenações açodadas e sem o respeito ao contraditório”; além disso, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes) emitiram nota conjunta em que dizem que “Não devemos permitir que acusações e conclusões precipitadas atinjam a honra de instituições e pessoas comprometidas com o país”; outras associações que emitiram notas são a Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD) e a Rede Internacional “A pandemia e a saúde coletiva”.
É fundamental observar que essas organizações já compreenderam a importância de expressarem seu repúdio contra prisões políticas e arbitrárias realizadas por essa operação criminosa e controlada por organismos de espionagem ligados ao imperialismo. É preciso que uma ampla mobilização seja feita pedindo o fim da operação Lava-Jato e o cancelamento de todas as prisões e condenações realizadas por ela.