Na última terça-feira (15), o Partido Socialista Brasileiro (PSB) lançou o atual deputado federal João Campos como candidato à prefeitura do Recife para as eleições municipais. João é filho do ex-governador Eduardo Campos, principal quadro do partido e seu presidente até sua morte, em 2014. A indicação de seu nome não causou qualquer surpresa: há pelo menos dois anos, a imprensa burguesa vem preparando a candidatura de João Campos.
O que merece destaque na convenção, no entanto, é que ficou claro que a candidatura de João Campos é a candidatura principal do bloco golpista para a prefeitura do Recife em 2016. Mesmo não tendo o apoio direto do PSDB e do DEM, o candidato do PSB é o único que conseguiria concorrer com a candidatura de Marília Arraes, do PT. Não porque seja um candidato popular, mas sim porque o PSB está no governo de Pernambuco há 14 anos, controla, em grande parte, a Assembleia Legislativa e a Câmara dos Vereadores do Recife e tem um apoio de importantes oligarquias.
O que demonstra claramente que a candidatura do PSB é a candidatura do bloco golpista é a frente que está apoiando João Campos. São 12 partidos que compõem a coligação, praticamente todos eles burgueses e direitistas. Algumas figuras odiadas pelo povo estiveram presentes na convenção: Cristovam Buarque (Cidadania), conhecido como “vovô golpista”, Jarbas Vasconcelos (MDB), o “FHC” de Pernambuco, que comandou o estado entre 1999 e 2006 e que votou a favor do golpe em 2016, Eriberto Medeiros (PP), presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, entre tantos outros.
De todos os partidos que compõem a frente, apenas um não votou a favor do golpe: o PCdoB. E justamente por isso, sua participação na “frente popular” de apoio a João Campos deve ser questionada: lutar contra o golpe, como efetivamente parte de sua base fez, nada tem a ver com apoiar os setores vigaristas e falidos da burguesia que compõem a “frente popular” encabeçada pelo PSB. Essa é apenas uma demonstração de que o PCdoB está cada vez mais disposto a intensificar sua política de colaboração com a burguesia golpista, organizada na frente ampla.
O único objetivo dessa política é tentar conformar uma minoria do PCdoB, mais direitista e desvinculada do movimento popular, no regime político e, ao mesmo tempo, ajudar a burguesia a derrotar os setores mais combativos da esquerda e da classe operária.