O Partido da Causa Operária denuncia, já há muito tempo, que os partidos burgueses nada mais são que feudos de meia dúzia de coronéis. As eleições municipais de 2020 deixam isso cada vez mais evidente. Segundo balanço feito pelo diário golpista, O Globo, os partidos da burguesia dividem seus recursos de maneira completamente desigual, beneficiando antigas lideranças e caciques eleitorais.
O caso mais absurdo é de João Campos (PSB), candidato a prefeito de Recife e filho do ex-governador Eduardo Campos, que recebeu mais de um terço, até agora, dos recursos descentralizados pelo PSB no país inteiro. Outros como Alfredo Nascimento (PL-Manaus), José Darto (PDT-Fortaleza) e Bruno Reis (DEM-Salvador) também recebem recursos de maneira bastante desproporcional em relação aos demais candidatos da legenda.
Esta forma de distribuição, onde cada partido “foca” em um determinado local, mostra que as eleições são uma fraude. Por trás dos panos, partidos burgueses e pequeno-burgueses fatiam o país entre si, tudo para garantir algum sucesso eleitoral, sem preocupação alguma com a população, mas apenas com seus próprios interesses “políticos”.
O caráter antidemocrático das eleições fica ainda mais evidente se feita a comparação entre os candidatos que tentarão a reeleição e os candidatos “novatos”. A diferença chega a 400%. Em alguns casos, candidatos mais jovens recebem apenas um “punhadinho” de santinhos e devem tirar dinheiro do próprio bolso.
Dirigentes dos partidos se defendem alegando que a parcela até agora distribuída é ínfima e não representará o resultado final. Entretanto, trata-se de uma meia-verdade. Com eleições tão curtas (pouco mais de 45 dias), os candidatos que recebem recursos antecipadamente sairão na frente por muito.
Basta ter o mínimo conhecimento de eleições para saber que é impossível concorrer só tendo materiais para distribuição a duas semanas do pleito. Isto faz com que os candidatos burgueses ou financiados por bancos e outros setores da burguesia disparem na frente, por terem recursos que seus rivais locais não terão.
Esta farsa, presente na quase totalidade dos partidos, faz, destes partidos, um depósito de políticos carreiristas, mais interessados em ganho próprio e não em defender um programa partidário. Como denunciado na edição nº 1123 do jornal Causa Operária, esta situação de “candidatos de si mesmo” é uma das causas da corrupção política. Por cargos para e si e para os seus, políticos toparão qualquer negócio e a política partidária serve apenas como uma fonte de recursos.
Portanto, é preciso denunciar abertamente a fraude antidemocrática que rege o sistema político brasileiro. Um sistema feito para manutenção dos poderosos e a destruição de qualquer voz dissonante ao sistema.