O eixo da eleições municipais é o de como fortalecer a política da burguesia golpista. Quase todos os candidatos, com exceção dos bolsonaristas e de uma parcela da esquerda, giram em torno dessa política.
Com essa política, a burguesia, que tem a imprensa à sua disposição, tem conseguido levantar os candidatos minoritários, como é o caso de Bruno Covas em São Paulo e Eduardo Paes, no Rio de Janeiro.
Além da tradicional manipulação da imprensa, a esquerda pequeno-burguesa também está sendo usada para manipular a eleição. Um dos instrumentos usados é o próprio candidato do PSOL, Guilherme Boulos. A candidatura do psolista tem sido alavancada pela imprensa golpista como um fator de esvaziamento da candidatura do PT com o objetivo de dividir os votos da esquerda e principalmente isolar o PT. Tal manobra serve como uma ponte por onde os votos da classe média mais esquerdista chegarão a Bruno Covas.
No Rio de Janeiro, o PSOL também está servindo para favorecer a direita tradicional. Marcelo Freixo, um candidato “natural” do PSOL e da esquerda pequeno-burguesa na cidade, retirou sua candidatura. O objetivo era favorecer Paes, que não é popular, mas que apesar disso, a burguesia tem conseguido alavancar a candidatura.
Essa situação favorável eleitoralmente à direita tradicional é resultado de uma hábil manipulação política. Manipulação das pesquisas, da imprensa, uma campanha eleitoral onde ninguém pode fazer uma campanha de verdade. Em alguns lugares, como Pernambuco, o governo foi ao extremo de proibir a campanha de rua para impedir a candidata do PT, Marília Arraes, de sair à rua.
Essa manipulação conta com a participação de diversos meios da esquerda, que semeiam as ilusões eleitorais em busca de um cargo público.
Toda essa manipulação não está restrita apenas a esse ano, ela é parte da luta para a preparação das eleições de 2022. Essa é a política da frente ampla.
A frente ampla procura revigorar a política da burguesia daquele grupo político que governou em nome dos grandes capitalistas locais. O grupo que domina o País desde a ditadura militar.
Esse mecanismo da frente ampla precisa ser compreendido a fundo. No Brasil, ele está sendo impulsionado não apenas pela direita, mas também pela esquerda.
O PCdoB é quem mais energicamente defende essa política de aliança com os que mais massacraram a população. O PSOL é um partido pequeno-burguês composto fundamentalmente de arrivistas parlamentares. Querem subir na vida por meio do Parlamento e que em geral estão dispostos a qualquer coisa para se eleger.
Por exemplo, Heloísa Helena saiu do PT e era a típica candidata pequeno-burguesa conservadora. O PSOL não teve nenhum problema em lançar uma candidata que era a garota propaganda do aborto. Muitos esquerdistas quando estão na possibilidade de ganhar uma eleição, deixam aflorar sua verdadeira natureza.
Boulos, em São Paulo, prometeu reeducar a GCM, órgão de repressão contra o povo. Na Associação Comercial de São Paulo ele foi elogiado praticamente como se fosse um representante dos capitalistas. Onde se colocam os problemas concretamente, essa esquerda abandona os discursos esquerdistas e adotam o discurso da direita.
Já para o PT, a frente ampla é uma aliança vergonhosa, é uma aliança com quem colocou Lula na cadeia, retiraram seus direitos. Mas o PT é um partido dividido. Enquanto que Lula tem dificuldade de aderir a frente ampla, pois significa a destruição do Lulismo, outro setor tem ligações com a direita e defende a frente ampla.
A esquerda que defende a frente ampla serve como cobertura para uma manobra que visa colocar à direita de volta no poder. A direita que deu o golpe de Estado, que está destruindo os direitos da população e que foi a principal responsável por Bolsonaro.