Acompanhei atentamente, ainda que à distância de mais de 1000km, o ato convocado pelo movimento de familiares dos presos da penitenciária da Papuda, em Brasilia, realizado nessa quarta, dia 13 de Maio, coincidentemente, data em que se celebrou o 132 anos da assinatura da Lei Áurea, que – formalmente – aboliu a escravatura em nosso País.
A situação nos presídios brasileiros, onde mais de 800 mil almas habitam o verdadeiro inferno na terra, se soma a um conjunto de condições degradantes que – obviamente – evidenciam que os negros, maioria da população pobre e trabalhadora do País, nunca foram evidentemente emancipados e foram mantidos na mais cruel escravidão do capitalismo pelo verdadeiro regime de apartheid social existente no País.
Esta situação cotidiana, se vê agravada na atual etapa de crise econômica e pandemia, quando os negros constituem o setor social mais duramente atingidos. São a maioria dos mortos, dos desempregados, dos famintos e dos presos ameaçados pela verdadeira “pena de morte” que a burguesia golpista e seus judiciário impuseram ao País.
O ato se deu um momento de enorme covardia política, quando a maioria da esquerda burguesa e pequeno burguesa – vergonhosamente – se colocaram de “quarentena”, abandonando todo tipo de atividade politica real em favor dos explorados,, deu o “toque de recolher” fechando sedes dos partidos, sindicatos etc. e chegou ao extremo entregar as sedes dos sindicatos para governos da direita fazerem demagogia com a população, quando na verdade apenas organizam o genocídio, a distribuição de bilionários recursos para os bancos e grandes grupos capitalistas e a adoção de medidas de aumento do roubo dos explorados (“congelamento”, redução dos salários etc.), como aconteceu lá mesmo em Brasília.
Além de apontar outra política, a da mobilização, oposta à covardia e capitulação da esquerda, a atividade também mostrou outro eixo e outro método. Tratou de dirigir suas reivindicações contra o governo e o judiciário golpistas que mantém a política de massacre contra a população carcerária da Papuda e de todos os presídios do País.
Nosso Partido se somou e impulsionou essa atividade que expressa uma tendência que se desenvolve em todo o País, de se mobilizar diretamente contra os responsáveis pelo massacre da população e não ficar aguardando que eles atuem em favor do povo ou de acreditar que as instituições do próprio regime politico (como o MP, parlamento, judiciário etc.) pressionem o governo fraudulento de Bolsonaro e demais governos da direita para que resolvam a situação.
Mulheres, em sua maioria, junto com jovens e outros, percorreram a Esplanada dos Ministérios, foram aos Ministérios da Justiça, Saúde etc. com reivindicações mais sentidas e elementares, como o direito à visita e a liberdade provisória dos presos ameaçados de morte pelo Estado responsável por garantir sua integridade e segurança.
A manifestação não é um raio em céu azul, mostra expressa uma tendência geral que vem se desenvolvendo e se mostra em mobilizações ainda esparsas pelo país afora como a greve em 10 Estados dos trabalhadores em call center – bem no começo da pandemia – , os protestos de familiares internados em hospitais em Manaus, atos de trabalhadores do transporte escolar em São Paulo, protestos dos enfermeiros em Brasília e de trabalhadores da Saúde, em diversos Estados, na criação de Comitês Populares em diversos Estados e na atuação destes – e de outros órgãos semelhantes – no sentido de reivindicar atendimento à população pobre, totalmente abandonada pelos regime golpista.
Uma tendência que precisa desenvolvida e ampliada e que é a única capaz de oferecer uma saída que represente um enfrentamento contra o genocídio em curso, não apenas nos presídios mas em todo o País.