O governo fascista de Bolsonaro reforça a inclinação da burguesia e de seus capatazes pequeno-burgueses no sentido de endurecer o ataque contra setores oprimidos da sociedade. Obviamente, a opressão contra a classe operária, bem como as agressões a negros, mulheres, homossexuais e indígenas, não surgiram graças ao bolsonarismo, mas têm no atual governo condições favoráveis para se manifestar.
Uma expressão desse ódio da burguesia e seus capatazes aos setores explorados foi o ataque da dona e diretora de uma escola particular contra uma professora negra em Maceió, no dia 4, terça-feira.
Thaynara Cristina Silva, de 25 anos, leciona gramática, redação e interpretação textual para o Ensino Médio no Colégio Agnes, situado no bairro Trapiche da capital alagoana. Na última terça, a sua aula de redação foi interrompida pela diretora Sueli de Oliveira, que invadiu a sala para repreender a professora.
Cerca de 50 alunos entre 15 e 18 anos assistiram à cena. Sueli culpou Thaynara por um acidente de trânsito sofrido por um filho da diretora, funcionário administrativo da escola, enquanto este conversava por Whatsapp com a professora. Uma aluna defendeu Thaynara dizendo que o responsável pelo acidente era o filho de Sueli, pois ele não devia usar o celular enquanto dirigia. Segundo o relato de Thaynara, a diretora respondeu o seguinte:
“Na discussão, na frente de toda turma, ela disse que eu era ousada. E depois falou que quem fosse à cidade Ouro Branco [Sertão de Alagoas] trouxesse um chicote de couro para me dar umas chicotadas e lembrar da época que tanto falo [escravidão] e temo.”
A turma se solidarizou com a professora. A diretora, percebendo a reação dos alunos, tentou acalmar os ânimos. Inventou que o comentário sobre o chicote era um “teste” para avaliar o que os estudantes tinham aprendido sobre a escravidão, tema constante de comentários de Thaynara em sala de aula. Como “prova” de não ser racista, disse que sua empregada doméstica é negra e elas sentam-se à mesma mesa no almoço; que contratou Thaynara embora pudesse contratar uma professora branca.
A professora e algumas alunas saíram da sala chorando. Os estudantes organizaram um ato diante da escola em repúdio à atitude escravocrata da diretora e em apoio à professora. Durante o protesto, uma aluna disse em entrevista a um canal de televisão que a maioria dos alunos do Colégio Agnes é negra.
A denúncia ganhou as redes sociais e teve alguma repercussão na imprensa. Uma delegacia vai apurar o caso. Mas o que pode combater de fato os escravocratas fascistas, nostálgicos da monarquia, é a mobilização dos estudantes, que se uniram e se solidarizaram com a professora negra atacada. Além das denúncias virtuais, os estudantes se manifestaram em pessoa na frente da escola, na rua. A mobilização dos setores oprimidos em geral é o que pode derrotar o governo Bolsonaro e tudo o que ele representa.