Foi divulgado o resultado da Comissão de Heteroidentificação da Universidade Federal de Pernambuco, que serve para comprovar a condição de pessoa negra ou parda dos aprovados na lista do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2020.
Dos 2.185 candidatos que se autodeclararam pretos ou pardos, apenas 1.089 foram aprovados pela comissão, ou seja 1.096 participantes foram desclassificados porque a comissão não os considerou como pretos ou pardos.
Esse tribunal racial foi instaurado em algumas universidades com o pretexto de acabar com as fraudes e garantir que a pessoa que se beneficia da vaga realmente tenha os atributos necessários. Para isso, várias pessoas da comunidade universitária e da sociedade civil são reunidas para verificar, um a um, os candidatos autodeclarados negros ou pardos.
Entretanto, sabemos que o real motivo dessa comissão é, além de desvalorizar as cotas, impedir, de mais uma maneira, o acesso dos negros à universidade.
Isso é mais um dos ataques contínuos para acabar com a educação pública. Os problemas no ENEM — que não param de aparecer —, o corte de verbas, a censura e tantas outras investidas também fazem parte desses ataques direcionados, sobretudo, a população pobre.
É preciso acabar com essas comissões instauradas para verificar se os negros são negros de fato. Se há fraude, ela deve ser investigada pelo movimento negro, não por um grupo de pessoas que não se sabe por quem foram escolhidas — isso no contexto do governo Bolsonaro e de ataques fervorosos a educação, o que abre ainda mais espaço para a desclassificação dos candidatos.
Assim como exigimos o fim dessas comissões, exigimos o fim do governo Bolsonaro. É preciso formar comitês pelo Fora Bolsonaro e ir às ruas com essa mesma palavra de ordem para derrubar esse governo fascista e toda a sua equipe que tem como objetivo a entrega e a destruição total do país.