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Engodo "pró-democracia"

Ibaneis Rocha fecha Esplanada para impedir o povo de protestar

Para "defender a democracia" e dizendo "não tolerar ameaça", governador do DF interdita o acesso à Esplanada neste domingo (14). Que "defensor da democracia" proíbe manifestações?

Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal, decretou neste domingo (14) o fechamento da Esplanada para manifestações. Foi proibido o trânsito de veículos e determinado o acesso aos prédios apenas por autoridades. A princípio, o decreto poderia se apresentar a olhares inocentes com a feição de “defesa à democracia”, visto que, para se justificar, se vale da “presença ameaçadora” do grupo 300 do Brasil que, além de provocarem “preocupações sanitárias” (já que muitos de seus membros se recusam a usar máscaras e não tomam medidas de proteção e contenção de contágio), passaram a ameaçar invadir a Cúpula após terem seu acampamento desmobilizado por operação do governo na manhã de sábado (13). Apesar de apresentarem um “sentido defensivo” contra as manifestações de apelo antidemocrático e alucinadas levadas adiante pelo grupo em questão, vejamos que o cenário e as medidas do governo contém claro oportunismo e uma armadilha política.

Na tarde do mencionado sábado, revoltados por terem sido expulsos de seu acampamento, os manifestantes do grupo invadiram a parte de cima da cúpula do Congresso, pelo lado do Senado Federal, onde o acesso ao público é proibido. Davi Alcolumbre (DEM-AP) determinou então à polícia legislativa que retirassem os manifestantes do local. Eles permaneceram então apenas meia hora e, após serem contrariados e reconduzidos para fora, ocuparam o gramado em frente ao espelho d’água do Congresso A assessoria do presidente do Senado disse negociar uma “saída pacífica” das instalações, provavelmente para “amenizar” o cenário anterior em que alguns poucos integrantes resistiram à desmobilização do acampamento e à retirada, tendo a polícia, na circunstância, usado gás de pimenta para finalmente expulsar os que insistiram em permanecer apesar da ordem da Secretaria de Estado da Ordem Urbanística (DF Legal), do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar do Distrito Federal – como se houvesse desde sempre, além de tudo, um aparato policial tão costumeiramente disciplinado, protocolar e comedidamente “hesitante” com as demais manifestações populares como o foi neste episódio em questão com os “bravos 300” – fizeram seu trabalho “como sempre”, o gás de pimenta foi “um último recurso inescapável” visto o espetacular e incontornável fanatismo de um pequeno grupo dentro de um pequeno grupo. Aqui temos ainda uma mostra dos dois pesos e duas medidas da disposição do aparato da polícia militar opressivo em manifestações da esquerda que temos testemunhado, envolvendo prisões e repressão violenta em diversos estados dentre os grupos pela defesa democrática; não deixando de considerar, ainda em paralelo, que os 300 do Brasil são um grupo que está já há semanas, apesar do contingente pequeno, declaradamente armado – apesar de judicialmente ter sido o caso nomeado como “suspeita”.

Não vemos o mesmo desejo de “amenizar os humores” em relação às manifestações pró-democracia quando ocorrem severas e injustas repressões contra grupos pacíficos e desarmados. Lembremo-nos da repressão policial oferecida gratuitamente na Av. Paulista no dia 31 de maio, em São Paulo, contra os manifestantes e torcidas presentes em prol da democracia, ao mesmo tempo em que se deixava a “pista livre” para manifestantes da direita que chegaram a apresentar tacos de baseball e bandeiras neonazistas, com direito ainda a escolta policial. Curioso. Sigamos, contudo.

Voltando à Brasília, os manifestantes decidiram reagir mais tarde e mais uma vez, na noite deste sábado, e fizeram uma simulação patética de “bombardeio”, usando fogos de artifício lançados por sobre a cúpula, emitindo diversos vídeos de ameaça à esquerda, ao Congresso e ao STF, e cobrando do presidente que intervenha nas investigações do Ministério Público envolvendo a “suspeita” de porte de armas por parte dos 300 do Brasil. Mais uma vez, nada foi feito por parte dos policiais, a não ser suas parcas “negociações pacíficas”. Por que nenhum manifestante foi encaminhado para responder pelo “bombardeio” e pelas ameaças violentas feitas publicamente e diretamente a membros do STF (mencionados em vídeo feito durante o “bombardeio”)? Nenhum foi inquerido. Não há processo jurídico em andamento, muito menos prisão – há “suspeitas” vagas e só. Os 300 do Brasil estão sendo tratados como “crianças malcriadas” que estão “exagerando”. A medida que veio em seguida é o que foi anunciado ao início do artigo, em outras palavras: “planalto fechado ao povo”. Em que mundo distorcido seria essa a única ou a melhor medida das autoridades para conter a “grave ameaça” que os 300 do Brasil apresentam? Os senhores no Planalto também precisam decidir: “grave ameaça” ou “crianças malcriadas”? Não é possível haver coerência alternando o tratamento e o discurso como se fossem ambos. Não haveria o desejo de normalizar algo diferente neste estranho jogo? Uma “carta adicional e discreta incluída no malote” de uma aparente “luta” governista pela “democracia”? Repitamos: planalto interditado ao povo.

Os 300 do Brasil não são o povo, são uma expressão patética e beligerante de um contingente risível de indivíduos avessos ao povo – e o povo tem direito à manifestação pública e pacífica. Interditar este direito é ainda mais antidemocrático do que permitir um grupo minoritário de fazer demonstrações de apelo à violência contra agentes e instituições da democracia sem qualquer inquérito levado verdadeiramente adiante contra seus líderes, (e contra a explícita simpatia e presença presidencial em manifestações conduzidas por tais lideranças) afinal, este pequeno grupo não emite decretos, não realiza operações oficiais, não delibera politicamente, portanto, suas preleções antidemocráticas podem ter a expressão de seus penduricalhos, camisetas e o interior pútrido de suas cabeças sem que eles representem um declínio concreto da instituição dita democrática, mas o Planalto, este sim é concreto, e este deliberou a interrupção de manifestações, ordem absolutamente antidemocrática – junto de diversas outras deliberações e omissões antidemocráticas das quais somos testemunhas e alvos.

O PCO, dentre outras organizações, havia planejado manifestações na Esplanada para este domingo (14) para exigir a impugnação da chapa Bolsonaro-Mourão, e este direito nos foi interditado sob a máscara de “resistência democrática” por parte do Distrito Federal. Lembremo-nos rapidamente de 2013: chegamos a ter um contingente de 30 mil pessoas nas imediações, bradando contra os poderes constituídos pelo “fim da corrupção” e contra os agentes instituídos, sem que o direito à manifestação no local fosse interditado. Sob a égide da “defesa democrática” e de “intolerância à ameaça”, o governador Ibaneis Rocha, temendo talvez mais um “bombardeio de fogos de artifício”, agora interdita a Esplanada e o espaço público (e talvez aí esteja mais uma pista da covardia governista) para que o povo não defenda a democracia e exija o fim do fascista Bolsonaro e de Mourão no poder – afinal, essa é a real ameaça que o Congresso e o Senado não desejam e não têm coragem de confrontar. Com “amigos” como esse, mal precisamos de inimigos.

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