A grande imprensa capitalista, em destaque as Organizações Globo, apresentou insistentemente como um dos resultados marcantes do balanço das eleições municipais do último 15 de novembro, o aparecimento de uma “nova esquerda”, com “ novas lideranças” no cenário político brasileiro. Segundo estas “ análises”, que foram logo compartilhadas pela própria esquerda, as eleições dominadas pelo centrão golpista também teve como resultado fundamental o fim da “hegemonia” ou do “exclusivismo” do PT na esquerda.
Evidentemente que as eleições foram montadas para apresentar como resultado fundamental o reforço do golpe de Estado que domina as instituições, com o fortalecimento dos partidos golpistas tradicionais como DEM, PSDB e MDB, e suas derivações como PSD e PP. Um dos pontos chaves da busca do enfraquecimento da “polarização” foi o esvaziamento das candidaturas do PT, com o ostensivo apoio da imprensa capitalista aos candidatos da esquerda “ não petistas”, o caso de Boulos em São Paulo e Manuela D´Avila em Porto Alegre, como os mais vistosos.
No caso PSOL, chama atenção o esforço para apresenta-lo como a “nova alternativa”, como um partido “radical” que emergiu “grande fenômeno eleitoral”. Evidentemente que a ida de Boulos para o segundo turno na principal cidade do país, serve para fomentar essa “avaliação”.
O Brasil tem mais de 5 mil municípios, conferindo os dados eleitorais verificamos que o PSOL elegeu no primeiro turno somente prefeitos em 4 pequenos municípios brasileiros: Em Marabá Paulista, na região oeste do estado de São Paulo, elegeu como prefeito Cido Sobral; Em Potengi, na região do cariri oeste no estado do Ceará, elegeu Edson Veriato; Janduís ( RN) foi eleito Salomão Gurgel, que já tinha sido prefeito da cidade pelo PT, e por fim foi eleito pelo PSOL em Ribas do Rio Pardo no interior do Mato Grosso do Sul, João Alfredo.
Como se vê tanto pela quantidade de prefeituras, quanto pela importância política, o resultado eleitoral do PSOL de forma nenhuma autoriza uma avaliação de que o partido da esquerda pequeno burguesa estaria substituindo o PT como o partido popular de esquerda no Brasil. Como já foi destacado, a votação de Boulos em São Paulo proporcionou os elementos para que a burguesia, e setores da esquerda favoráveis a frente ampla apresentassem o balanço eleitoral da “ vitória” da esquerda, e crescimento do PSOL.
Pois bem, há um outro aspecto que os “balanços” escondem, que é de extrema importância. Quem são e qual a política dos “socialistas radicais” do PSOL. Ao contrário do perfil médio dos apoiadores do PSOL nas redes sociais, os representantes do PSOL para comandar o executivo não são “alternativos” nem os “candidatos do DCE”.
Um caso em particular chama a atenção, o prefeito eleito pelo PSOL em Ribas do Rio Pardo é João Alfredo, que tem nada menos que 7,21 milhões de reais em bens, tendo 500 hectares de terras, mais de 450 cabeças de gado, um escritório de advocacia, três carros e entre outros.
Dificilmente o PSOL poderá apresentar o seu prefeito de Ribas do Prado como uma fiel expressão do “socialismo”, poderia se argumentar que apesar de milionário e latifundiário, João Alfredo poderia ser “socialista” de coração ou um “burguês esclarecido” que se encantou com os slogans radicais do PSOL. Mas não é esse o caso, pois o prefeito latifundiário do PSOL é terminantemente contra a pauta das mulheres, sendo contra o direito ao aborto, considera a luta pela terra como coisa de “invasores” e favorável ao uso da repressão contra os maconheiros.
Segundo João Alfredo, o PSOL seria a ala “esquerda racional” :
Um ingênuo defensor do partido amarelo poderia pensar que se trata de um lapso em uma cidade pequena, e que as ideias reacionárias de João Alfredo eram desconhecidas. Acontece que não é bem assim, uma vez que as denúncias sobre João Alfredo não são novidades, e são de pleno conhecimento de todo o PSOL, uma vez que João Alfredo foi o candidato ao governo do estado do Mato Grosso em 2018, e na ocasião integrantes do PSOL denunciaram e exigiram uma comissão de ética para julgar os posicionamentos públicos de João Alfredo.
O candidato do PSOL ao Governo de Mato Grosso do Sul, João Alfredo Danieze, está no centro de um impasse envolvendo parte da militância do próprio partido. O núcleo ‘anticapitalista’ do partido no Estado vai apresentar denúncia formal contra o advogado ao Conselho de Ética Nacional por declarações polêmicas e contrárias a algumas pautas primárias do partido.
João Alfredo afirmou na campanha para o governo do estado, que era contrário ao que chamou de “invasão de terra”, a descriminalização do aborto e das drogas, A declaração provocou indignação na base do PSOL. Além disso, João Alfredo prometeu que iria implementar no seu governo a proposta da escola sem partido, defendendo que a escola deveria seguir a cartilha da direita. O agora prefeito do PSOL já tinha sido vice prefeito de Ribas do Prado, com partidos de direita, renunciando, fazendo estardalhaço com tema do “combate á corrupção”
Para a campanha de 2020, o PSOL se coligou com partidos “ecológicos” que apoiaram o golpe de 2016, e são sublegenda de Joao Alfredo na cidade, tendo como vice na chapa é a professora Guiomar (REDE), tendo ainda o PV na coligação na majoritária.
Esse exemplo do prefeito eleito do PSOL é uma evidencia do grau de integração da esquerda pequeno burguesa ao regime político, e da completa falácia sobre a “ vitória” da esquerda nas eleições. O candidatos eleito pela sigla da “ esquerda radical”, não passa de um reacionário.