Augusto Heleno, bolsonarista de carteirinha e ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), revelou nesta sexta (16), que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou participantes da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP 25), realizada em Madri no dezembro passado. Seriam os “maus brasileiros” que precisavam ter um acompanhamento do órgão, pois, como afirmou o ministro pelo Twitter, o governo Jair Bolsonaro os entende como “prejudiciais” ao Brasil. Não se trata de uma diferenciação entre os bons cristãos e os pecadores vagabundos, e sim, de uma espionagem tipicamente ditatorial a toda a população brasileira com o objetivo de destruir suas organizações democráticas.
Os espiões foram infiltrados como “analistas” do GSI para participar de rodadas de “negociações” da COP 25. Assim, receberam um crachá rosa que dava o mais amplo acesso a salas de negociação e a espaços de responsabilidade e segurança da ONU. Mesmo assim, os “profissionais” da direita levantaram suspeitas de delegados de diversos países, os quais deixaram de falar em público com ambientalistas e de promover reuniões com a presença de um “representante do GSI”. Por isso, ficou claro que os não anunciados nem registrados participantes do evento estavam comparecendo para listar os inimigos da extrema-direita.
Daí em diante, foi descoberto que o objetivo era monitorar e relatar menções negativas a políticas ambientais do governo Bolsonaro, especialmente na Amazônia. Para solucionar o problema, o PSOL, como de costume, optou por acionar a Procuradoria-Geral da República e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, cobrando investigação por crime de responsabilidade e ato de improbidade administrativa, com base na constituição que prevê punição por envio formal de informações falsas requisitadas por congressistas. De fato, como confirmado pelo Itamaraty, não foram informados os nomes da Abin e do GSI como delegação, e os quatro oficiais de inteligência e o coronel reserva do Exército Adriano de Souza Azevedo foram como assessores da Presidência da República.
Heleno, que já bem sabe que a esquerda não conseguirá nada com as instituições, foi transparente por uma nota publicada no site da Abin com a colocação de “integrou a COP 25”, dias depois de a missão em Madri ter sido concluída. Independente das colocações e mentiras risíveis, o ocorrido aponta tanto que a “justiça” é completamente manipulada pela direita, que não tem medo de colocar seus objetivos e colocações escabrosas, como uma nova evidência da espionagem reforçada da direita no País.
Com a fama recente de espionar os servidores, a Abin já não tem vergonha de dizer que espiona qualquer indivíduo com mínimos ideais progressistas. Heleno colocou que tem competência legal para atuar em “eventos no Brasil e no exterior”, são “temas estratégicos que devem ser acompanhados por servidores qualificados, sobretudo quando envolvem campanhas internacionais sórdidas e mentirosas, apoiadas por maus brasileiros, com objetivo de prejudicar o Brasil”. Realmente, tanto aqui, quanto no exterior, a Abin cumpre seu papel fundamental de perseguir a população para garantir a permanência da política bolsonarista.
A única forma de combater toda repressão e perseguição à população, com intuito de estrangular a esquerda, é com uma eficiente mobilização popular, com o objetivo claro de dissolver a Abin, a PM e todas as organizações fascistas brasileiras.