Após adotar uma política repressiva para impor o isolamento social no início da pandemia, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), começou a liberar uma série de atividades econômicas, como comércio, shoppings e até atividades físicas.
Agora chegou a vez das competições esportivas, com destaque para o Campeonato Catarinense de Futebol, que interessa aos patrocinadores e emissoras de televisão mas põe em risco os profissionais envolvidos e suas famílias. Mesmo respeitando quaisquer protocolos de segurança, não dá pra fugir do fato de que o futebol é um esporte de contato, o que inviabiliza na prática um controle sanitário seguro.
Entre as orientações que constam na portaria publicada em 11/05, ao lado de práticas de higiene comuns, encontramos algumas muito difíceis de acontecerem de fato, como “cada atleta treina com a sua bola, raquete ou outro equipamento identificado e higienizado previamente” ou “os atletas treinarão isoladamente com a presença do treinador e elemento do departamento médico que devem estar a uma distância de segurança de, no mínimo, 1,5m, e de máscara”.
Alguém que conhece minimamente a prática de futebol é capaz de acreditar que os jogadores treinarão isoladamente para no dia do jogo colocarem em prática coletivamente o que treinaram? Além disso, nos jogos todos usarão máscaras e manterão o “distanciamento social”?
Fica claro que o que realmente importa é o lucro daqueles que investem no esporte, desde fornecedores de materiais esportivos até sites de apostas, passando sem dúvidas pelos monopólios da comunicação.
O governador bolsonarista, que há pouco tempo fez parte do time dos opositores à Bolsonaro como ferrenho defensor do isolamento social (e das práticas repressivas embutidas no pacote), é mais um a expor a farsa que foi essa recente crise política entre a direita nacional, que deixou grande parte da esquerda completamente perdida.
A direita só serve ao capital e já vem ensaiando o levantamento das limitadas quarentenas desde que se dava o farsesco embate entre alguns políticos direitistas e o ilegítimo presidente. Para não perder seu norte, a esquerda só precisa olhar para aqueles que ela pretende representar na luta política, os trabalhadores.
Neste sentido, é preciso lutar contra a retomada das competições esportivas, mantendo os salários dos jogadores e demais funcionários dos clubes de futebol. Os trabalhadores não podem pagar pela crise com seus salários nem com suas vidas.