Nesse mês de Abril chegamos ao número de 5.000 mortos por Covid-19, ao mesmo tempo que o número de subnotificações e mortos por problemas respiratórios, como pneumonia, superam esse número. Ultrapassamos a China na crise do Coronavírus e seguimos marchando mais próximos para uma catástrofe ainda maior. Em contrapartida, os governos estaduais de todo país relaxam a quarentena, a campanha do #FicaEmCasa se transforma #NãoTrabalheSemMáscara, e os “heróis do povo” lançam a população de frente a pandemia sem nenhuma proteção real.
Nesse sentido, aqueles que a esquerda pequeno-burguesa reivindicava serem os “amigos do povo” contra o Bolsonaro, se mostrar bolsonaristas mais organizados. Não é segredo de que nenhum governo capitalista, a nível mundial, foi capaz de dar uma resposta significativa a crise de saúde pública impulsionada pelo Covid-19. A resposta mais em custo, pensada no desespero da falência iminente das empresas, foi a quarentena. Uma tentativa de diminuir o impacto do Coronavírus por onde ele passa, mas não de buscar dissolver o problema.
Mas para essa esquerda, aqui seria diferente. Os governadores bárbaros de direita seriam inimigos da extrema-direita que está no governo e queriam “salvar vidas” com a política de isolamento social. O que é, para dizer o mínimo, um pensamento extremamente infantil. Não tinha, nunca vai ter, e em nenhum momento teve a intenção real de salvar vidas, era uma orientação do próprio imperialismo aplicar imediatamente o isolamento social… de maneira isolada, sem nenhum sistema de saúde para torná-lo eficaz. Foi a tentativa de lançar um amortecedor para a crise, de duração mínima.
Agora temos dados reais, para contrapor ao delírio político da pequena-burguesia. Vinte e dois dos vinte e sete governos estaduais relaxaram a quarentena, seja destruindo-a completamente ou fazendo aos poucos. A queda de circulação em âmbito nacional foi de apenas 53% em abril, contra 60% no fim de março. Resta a dúvida, não eram esses governos “científicos”? Não eram eles “amigos do povo” que estavam “salvando vidas”, protegendo a classe trabalhadora das loucuras de Bolsonaro?
Agora o véu da ilusão se dissipa, no primeiro raio de realidade. A fatídica frase de Marx “a realidade se impõe”, se mostra abertamente condizente ao momento atual. Com Zema (NOVO) em Minas Gerais a circulação no transporte público aparece com 43% do período que antecede a pandemia, e Goiás, do Ronaldo Caiado (DEM) com apenas 41% de queda de circulação. Sendo os estados que menos tiveram resultado na política de isolamento social.
Agora governadores como Zema já se colocam em alinhamento total com Bolsonaro para destruir o pouco que havia de isolamento social. E o assassino de sem-terra, Caiado, articulando uma forma de fazer isso de forma a organizar a pilhagem de corpos. O que evidencia é que esses governos tinham a quarentena como retórica, nunca levaram a cabo a política que propunham e agora estão colocando a vida de toda população para encher a conta bancária de algum punhado de cupinchas capitalistas. Pois a tendência é de que a crise nem chegou no seu ápice, jogando água no moinho da verdadeira carnificina que está por vir.