Veio à tona essa semana a delicada situação contratual entre Globo e Fifa, que podem afetar o direito de transmissão de competições de seleções de base, Mundial de Clubes e até a Copa do Mundo de 2022 que será realizada no Qatar.
Após quase um mês de tentativas de negociação diretamente com a Fifa, a Globo entrou com uma ação judicial para não pagar uma parcela de US$90 milhões que vence em 30/06. A alegação da empresa é ter sido impactada financeiramente pela pandemia da COVID-19.
Contraditoriamente, a Globo rejeita publicamente estar passando por dificuldades financeiras, enquanto se recusa a pagar os pouco mais de R$486 milhões. Ao mesmo tempo, segue demitindo inclusive famosos como Miguel Falabella e Vera Fischer, por exemplo.
Fica evidente que a empresa, que se estabeleceu como um verdadeiro monopólio durante a ditadura militar no Brasil, vem perdendo audiência há anos, em especial diante dos conteúdos disponíveis pela internet como os serviços de streaming.
Diante dessa crise vivida pela Globo, que pegou sua estrutura monopolista despreparada, a crise econômica capitalista agravada pela pandemia atual colocam a empresa numa situação bastante complicada.
Isso explica também a enorme pressão que a emissora tem exercido pelo retorno do Campeonato Brasileiro de Futebol, que gera receita dos patrocinadores e do seu serviço de TV paga, a Globosat. O principal produto da Globosat são justamente os canais esportivos e a venda avulsa da transmissão de jogos através da modalidade pay-per-view.
A transmissão dos jogos de futebol cumpre um importante papel para alavancar a audiência da sua grade. Uma das estratégias mais conhecidas é a transmissão de jogos importantes após suas novelas principais, as transmitidas no chamado “horário nobre” da programação.
Vale lembrar que a Globo atua sistematicamente contra o futebol brasileiro, mesmo se beneficiando financeiramente dele. Os jogos após as 22h, uma imposição da empresa, dificultam a participação dos torcedores, afastando muitos dos estádios de futebol. Essa imposição já motivou uma série de protestos de torcidas nos estádios.
Outro golpe do monopólio ao futebol brasileiro é comprar os direitos de transmissão e não transmitir na TV aberta. Torcedores reclamam do privilegiamento de alguns clubes e mais ainda porque a emissora não transmite a maioria dos jogos, preferindo vender por pay-per-view.
Caso venha de fato a perder os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2022, isso representaria um importante marco da crise na qual a emissora se arrasta. Além de um duro golpe nos poderes de monopólio que a Globo adquiriu.