Em meio às declarações dos generais do governo e do próprio Bolsonaro comemorando o golpe militar de 1964, o general Eduardo Villas-Boas também publicou uma nota, não para falar de 64, mas para novamente ameaçar o País com um golpe agora.
O ex-comandante das Forças Armadas afirmou que conhece o presidente e “sabe que el não tem outra motivação que não o bem estar do povo e o futuro do País”. Essa frase, que conclui um texto em que Villas-Boas coloca a “gravidade da situação” deve ser entendida como um recado para o povo e para as próprias Forças Armadas de que a política é manter o presidente golpista Jair Bolsonaro.
A declaração vem no momento em que se aprofunda uma crise entre as próprias alas golpistas sobre divergência relativas à pandemia.
Muito setores da esquerda acreditaram que, a crise resultaria na ruptura dos setores da direita golpista com Bolsonaro a ponto de derrubar o governo. Villas-Boas mostra que essa análise não poderia estar mais distante da realidade.
Embora haja uma crise profunda, a burguesia e a direita tradicional não se decidiram pela derrubada do governo. A política é manter Bolsonaro.
As contradições que têm aparecido são até agora uma disputa real, mas em grande medida superficial e eleitoral. A burguesia não parece estar disposta a bancar uma crise que pode sair de controle caso haja um impeachment do presidente da República.
A posição de Villas-Boas indica essa orientação política geral da ala mais importante da burguesia. O colunista de O Globo, Merval Pereira, em coluna da última semana já havia mostrado qual era a política da burguesia: defender Doria para as próximas eleições.
A derrubada de Bolsonaro não virá da direita golpista mas da mobilização do povo.