Essa semana cerca de 120 lideres indígenas dos povos do Sul e Extremo Sul da Bahia além de outros 70 lideres da Bacia do Rio Xingu serão recebidas, com a presença da Força Nacional de Segurança Pública na Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em Brasília entre os dias 11 e 13 de Março, datas que as lideranças teriam reuniões no Ministério da Justiça e na Funai. Tal medida foi autorizada pelo Ministro da Justiça Sergio Moro em portaria dessa quarta-feira 11.03 dia em que indígenas das etnias Pataxó, Tupinambá, Pataxó Hã-Hã-Hãe e Kamakã reivindicam no MJ a liberação de um pedido de reunião com o Ministro, sendo atendidos apenas por secretários do ministro tempo depois.
Além de Moro as lideranças tentaram agendar confirmar reunião com o atual presidente da Funai (delegado Marcelo Xavier) e receberam como resposta a promessa que seriam ouvidos na tarde dessa quinta-feira dia 12.03 (povos Pataxó e Kamakã) e na manhã do dia 13.03 sexta-feira (povo tupinambá).
A companhia da Força Nacional no Ministério da Justiça em Brasília causou um desconforto nos indígenas pois os mesmo garantiram ter confirmado antes a visita em Brasília como relata o cacique Sinval dos povo Tupinambá:
“Isso é uma decisão arbitrária, porque já temos agenda marcada, e ficamos surpresos de ver esse governo truculento que nos recebe com a Força Nacional dentro da Funai. A gente vê a divisão da nossa delegação como um processo de tentar dividir o povo e tentar enfraquecer os povos da Bahia, para não dar resposta sobre a demarcação de nossas terras tradicionais”. (cacique Sinval líder Tupinambá).
Os indígenas dos povos Kayapó, Panará e do Território Indígena do Xingu, no decorrer da manha dessa quinta-feira também se mostraram contrários a presença da FN, dessa vez na sede da Funai: “A Funai não recebe os índios que estão a favor da floresta, nem os índios que são contra mineração e contra o PL 191. Chegamos aqui e nos deparamos com a Força Nacional. Isso é certo? Antes, quando garimpeiros e madeireiros invadiam nosso território, a Funai acionava a Força Nacional para tirar os invasores. Mas hoje não, eles estão contra nós. Parece que a ditadura está voltando” reclama o Mydjere Kayapó, do Instituto Kabu e da Rede Xingu +.
A luta dos povos indígenas atualmente, e para evitar o retrocesso da legitima política de demarcação de terra pela união em vigor desde o começo do governo Bolsonaro no Brasil, com o aparelhamento e a militarização de órgãos como a Funai, deixa posto a tentativa de impor dificuldades para garantia dos direitos as demarcações, sendo necessário a denuncia de tais atos pelo governo federal.