As eleições estão mais uma vez revelando a política oportunista da esquerda pequeno-burguesa. O candidato a vereador em Duque de Caixas, na Baixada Fluminense, Wesley Teixeira (PSOL), aliado de Marcelo Freixo, foi alvo de críticas internas em seu partido por receber doações de capitalistas para a campanha.
O candidato recebeu, segundo informações do jornal O Globo, R$ 75 mil de pessoas como o ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, homem dos banqueiros no País, o herdeiro do Banco Itaú, do cineasta João Moreira Salles, e de Beatriz Bracher, filha do ex-banqueiro Fernão Bracher.
Segundo as informações do jornal, em reunião interna do PSOL, setores do partido defenderam que Wesley Teixeira devolvesse a quantia e estudam outras sanções. O deputado federal Marcelo Freixo teria saído em defesa do candidato a vereador, inclusive ameaçando sair do partido caso a punição se concretizasse.
Na plenária virtual do PSOL, onde foi discutido o problema, na última quinta-feira (1), Wesley afirmou que não pretende devolver o dinheiro. Marcelo Freixo teria declarado que: “se formalizarem alguma tentativa de impugnar a sua candidatura, Wesley, eu saio do PSOL, porque não tem condições de eu ficar em um partido que não vê o tamanho do que você representa para a democracia brasileira”. O deputado federal teria lembrado, ainda, que sua campanha a prefeitura do Rio em 2016 também recebera dinheiro de Guilherme Leal, um dos fundadores da Natura, e ninguém cogitou sua impugnação.
Freixo, de acordo com a prática de seu partido, está correto.. Vale lembrar também que a candidatura de Luciana Genro à presidência da República em 2014 também recebeu dinheiro da Gerdau e da rede de supermercados Zaffari.
A discussão no PSOL revela muito sobre o conteúdo político, programático e social do partido. É um fato que a posição de Marcelo Freixo e seu aliado, Wesley Teixeira, passa por cima da maior parte do partido que supostamente se opõe ao a esse tipo de financiamento. Uma posição claramente oportunista e revela candidaturas dependentes da burguesia, oportunistas e de conciliação de classes.
Mas a turma de Marcelo Freixo é apenas uma expressão mais extrema da própria política do PSOL. Não é a política oportunista de Weslei e Freixo que atropelam o restante do partido, mas é o próprio programa do partido que permite o surgimento e o domínio de políticos oportunistas.
O PSOL é um partido criado com o discurso demagógico de que seria diferente do PT, principalmente no que diz respeito à independência de classe, apenas um discurso que nunca foi parte do programa do partido, essencialmente um partido de tipo pequeno-burguês e reformista e portanto oportunista.
Por isso Marcelo Freixo reclama da diferença de tratamento em relação à sua candidatura em 2016. Os políticos profissionais, parlamentares e oportunistas dentro do PSOL, diante da possibilidade de vitória de Freixo, que naquele momento contou inclusive com o apoio de rede Globo e revista Veja, não quis se confrontar com a política ultra-oportunista do candidato.
Por isso a incoerência. O que Freixo está reivindicando é simplesmente que o PSOL seja coerente até o fim em sua política eleitoreira e oportunista, o que fica bastante claro na justificativa cínica de Wesley sobre as doações: “Nós vamos aceitar os valores que foram doados. Vamos usar esses recursos para fazer essa campanha histórica e ter a chance de depois de muitos anos eleger alguém diferente das famílias que estão ai por muitos anos”. Uma declaração ultra-demagógica, típica de um político burguês disposto a tudo pelo cargo.
O PSOL ainda sequer tomou a decisão sobre o caso, o que também revela o caráter do partido. Qualquer partido minimamente combativo, não necessariamente revolucionário, teria afastado sumariamente um elemento oportunista ao extremo como este. Não é o que acontece porque em maior ou menor grau toda a direção do PSOL está envolvido na busca oportunista por um cargo.