A Folha de S. Paulo lançou uma matéria intitulada “O que a Folha pensa: Clube autoritário” onde seus articulistas tentam levantar a velha falsa polêmica a respeito do Foro de São Paulo, organização que agrupa diversos grupos de esquerda da América Latina. Segundo a Folha, este seria um “Clube Autoritário”. O jornal repudia a presença de líderes de esquerda da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua e insiste em citar o PT como peça contraditória da aliança dos povos latino-americano.
O artigo é uma aberração política gigantesca. É basicamente um pretenso artigo político com um fundo moral, que ataca as organizações que levaram às revoluções ou governos que são frutos de grandes mobilizações populares. Como, por exemplo, a questão em citar as guerrilhas cubanas e sandinistas como horríveis, sem nem cogitar suas razões históricas, para que e contra quem estavam lutando, causando uma leve impressão que você está lendo um texto redigido por uma criança birrenta. E o termo “ditadura” e “ditador” que é usado ostensivamente contra os governos de esquerda como um padre que acusa o outro de pecador. O texto é ruim, do ponto de vista argumentativo, e repetitivo do ponto de vista técnico.
Mas do ponto de vista político, podemos claramente dizer, é um artigo extremamente reacionário. Fica claro que a Folha de S. Paulo é um jornal antidemocrático e ideologicamente direitista, diferente da lenda de que é um jornal democrático. Lenda essa que só com muita campanha política e publicitária para se fazer engolir uma enganação desse tamanho, já que o jornal é conhecido por emprestar seus carros para prender pessoas e lavá-las as terríveis torturas nos porões da ditadura militar. Um jornal que sujou suas mãos de sangue ombro a ombro com os gorilas da ditadura usar tantas vezes “ditadura” e “autoritário” a se referir a governos democráticos é o cúmulo do cinismo.
Em segundo lugar, mostra que há uma forte campanha para desvencilhar o PT dos vínculos com a esquerda, ou seja, acabar com a ala mais à esquerda. Um grande exemplo é a finalização do texto, que diz:
“Entretanto o Foro é coisa mais banal. Trata-se tão somente de um consórcio dedicado à perpetuação de ideias obsoletas e que, sem pejo, mantém suas portas abertas para ditaduras e ditadores. A opção por se manter parte de tal clube mina a credibilidade da defesa que o PT faz da democracia, respeitada durante os 13 anos de administrações do partido.” (Folha de S. Paulo, 6/8/2020)
O artigo, além de ser uma ode ao fascismo, a propaganda anticomunista profissional é uma tentativa de pressionar o PT para a direita do regime político golpista. O interessante é que o jornal burguês diz prezar pela democracia nos países alheios e no PT, mas não pensou duas vezes em apoiar o golpe militar de 1964 e o golpe de Estado de 2016 que derrubou o governo legitimamente eleito de Dilma Rousseff, do PT, para novamente colocar pouco a pouco uma junta militar no governo, como agora com o governo Bolsonaro. A Folha quer desfigurar e moldar o partido, para destruí-lo ou transformá-lo em um PSDB “de esquerda”, dando total poder à ala direita que é contra a Venezuela, Nicarágua e Cuba para enfraquecer totalmente a sua organização diante do golpe.