De acordo com o estudo encomendando pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), tendo por base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua/IBGE) no ano de 2019 é escancarado o enorme déficit habitacional no nordeste brasileiro que atinge o total de 2.298.666.
Isso significa dizer que 2.298.666 famílias no nordeste brasileiro não possuem moradia própria uma vez que o estudo aponta uma moradia por família.
Apesar do maior déficit de moradias em números gerais se concentrar no sudeste com 3.144.594 famílias sem casa própria, o nordeste em um balanço per capita da situação se transforma na região mais carente do país na questão habitacional, já que sua população é de cerca de 27,2% da população nacional e a população do sudeste é cerca de 42,2% do país. A população nordestina então é cerca de um terço menor que a população residente no sudeste. Na somatória de todo o país temos 7.797.933 famílias sem moradia.
A pesquisa ressalta que o maior déficit habitacional por faixa de renda (unidades) compreende as famílias com até 1 salário mínimo, no valor de R$ 1.045,00, representando 63,5 % do déficit total no nordeste (com base no ano de 2019).
Região Nordeste – distribuição do déficit habitacional por faixa de renda (Unidades) – 2019
- Até 1 salário mínimo: 1.452.574 unidades
- Mais de 1 a 3 salários mínimos: 770.100 unidades
- Mais de 3 a 5 salários mínimos: 38.607 unidades
- Mais de 5 a 10 salários mínimos: 24.220 unidades
- Mais de 10 salários mínimos: 13.165
O relatório enfatiza que “as estimativas de demanda habitacional até 2030 deixam clara a necessidade de encontrar soluções para o crescimento adequado do estoque de habitações, mais uma vez com destaque para as famílias com renda até 3 salários mínimos”.
A seguir o gráfico pormenorizado por estados de acordo com estudo técnico dedicado à atualização das necessidades habitacionais no período de 2004-2030, contratado pela ABRAINC – Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias em Novembro de 2020, apontando a necessidade de habitações por faixa salarial.
Estados Até 1 SM +1 a 3 SM +3 a 5 SM + 5 a 10 SM + 10 SM
Maranhão 277.342 121.039 5.254 1.876 950
Piauí 98.386 53.537 1.166 438 –
Ceará 210.353 116.514 8.503 517 1.297
Rio Grande do Norte 72.171 23.296 367 – 554
Paraíba 104.365 38.454 7.795 461 599
Pernambuco 205.331 119.640 1.173 700 –
Alagoas 78.043 52.539 2.778 701 316
Sergipe 70.959 36.316 306 – –
Bahia 335.624 208.765 11.265 19.525 9.449
REGIÃO NORDESTE 1.452.574 770.100 38.607 24.220 13.165
Frente a tal bancarrota do Estado Nacional que sequer consegue dar moradia para quase 8 milhões de famílias no país, o que dizer da malfadada campanha do “Fique em casa” para tentar conter o avanço do Coronavírus. Bem, como já denunciamos em inúmeras ocasiões neste diário, a classe operária brasileira nunca entrou na conta da suposta “quarentena” da burguesia. Aliás, nunca literalmente 8 milhões de famílias, sequer entraram “em casa”.
Afinal o que a burguesia procurou esconder em todo esse período, é que se a classe operária parasse, o seu lucro despencaria. O isolamento social nunca isolou a classe operária, os mais pobres, isto é, as pessoas majoritariamente mais esmagadas pela crise, não só do Coronavírus, mas toda a conturbada situação dos grandes capitalistas que se estende desde a crise econômica de 2008 e que estoura agora com uma pandemia que afeta todo o globo terrestre. É evidente para qualquer ouvido atento à falácia da receita de “ficar em casa” com um sistema de saúde totalmente destruído não passava de uma balela. E os testes? Os leitos? Os hospitais de campanha? O salário? A renda? A comida? As moradias?
A “quarentena” e os governos capitalistas nunca responderam a nada disso. Mas, a classe operária quer casa e tudo mais!