Os Estados Unidos voltaram a registrar um número expressivo de inscrições no seguro-desemprego nesta semana, com mais de 2,1 milhões de trabalhadores solicitando o auxílio de caráter assistencialista na última semana. Como tem se tornado comum desde o começo da crise impulsionada pelo coronavírus, o número ficou acima da expectativa do mercado financeiro, que esperava 500 mil inscrições a menos. Com o novo balanço, quase 41 milhões de americanos tem sido empurrados para a dependência dos programas de ajuda na principal economia capitalista do mundo.
A imprensa norte-americana tem destacado ainda que mais da metade deste total, 21,5 milhões de trabalhadores são considerados recorrentes, o que implica em uma nova inscrição num intervalo menor ou igual a duas semanas. Segundo o programa governamental para auxílio aos desempregados, os trabalhadores podem receber 600 dólares na crise, desde que tenham sido demitidos ou sofrido uma redução em seu salário com a diminuição das horas trabalhadas, mais uma das inúmeras malandragens encontradas pelo capitalismo para transferir à população o custo da crise, no paraíso prometido do livre-mercado, a ilibada nação dos “cristãos” do burocrata Deltan Dallagnol.
Este número de inscrições ao auxílio precisa ser entendido à luz do fenômeno da reabertura econômica. Quase todos os 50 estados dos EUA já retomaram as atividades econômicas, ao menos parcialmente, o que não impediu o contingente superior a 2 milhões de trabalhadores continuarem precisando do seguro-desemprego, em apenas uma semana. Há ainda outro fenômeno a ser destacado que reflete a falta de confiança da população americana no poder público do paraíso capitalista.
Não se tem a quantidade exata mas um número expressivo de trabalhadores estão relutante em retornar aos seus postos de trabalho, o que foi grande o bastante para merecer notificação por parte do Fed, o banco central americano, em seu relatório sobre a economia nacional publicado na última quarta-feira, 27 de maio. Razões para os norte-americanos temerem o retorno ao trabalho não faltam.
Com uma distância de meses em relação à China para se antecipar à chegada do COVID-19 aos EUA, o governo americano, a exemplo de todos os governos capitalistas do planeta, simplesmente assistiu a explosão da pandemia em solo americano, com resultados catastróficos. Que o digam os familiares dos mais de 100 mil mortos no país com mais infectados e mortos do mundo. Em um cenário tão ameaçador, é até um dado de sanidade e amor próprio a relutância dos trabalhadores em retornar ao trabalho reportada pelo Fed no suposto Éden burguês, o epicentro da pandemia do coronavírus.
O completo caos econômico, político e sanitário experimentado pela população do país, o mais rico e poderoso do mundo devemos sempre lembrar, é emblemático da ameaça representada pelo sistema capitalista, que em sua atual etapa de franca decadência, nada tem a oferecer à classe trabalhadora, exceto morte e escravidão.