Em entrevista à Carta Capital intitulada Diversidade, a codeputada Erika Hilton da bancada ativista do PSOL, apresenta a sua opinião sobre diversos temas como “participação política”, “cotas”, “feminicídio” entre outros e o caso que chama mais atenção é a proposta de luta defendida por Erika para a população negra.
Um dos argumentos dela é que os partidos de esquerda devem “dar protagonismo para as minorias como negros, mulheres e LGBT’s, ocuparem cargos, ascenderem economicamente”. Ou seja, a deputada do Psol não tem um programa de luta para o povo negro, ela propõe que o problema seja resolvido de maneira individual e em última instância através da simples integração do negro às instituições da burguesia, numa completa adaptação ao regime político. Dentro dessa proposta também, apenas alguns negros conseguiriam ascender politicamente. E os outros milhões de negros do País, haverá cadeiras suficiente para todas a pessoas negras?
Outro argumento apresentado por ela é a política de que os negros devem acreditar que pelo parlamento e pelas eleições eles irão resolver os problemas deles, inclusive os casos de chacinas nas comunidades. A visão dela é completamente institucional. Para ela não existe movimento de luta, nem uma organização independente, existe apenas a saída institucional. Essa é tradicionalmente a política do Psol, uma política de desorientação para a população que acaba sendo enganada que se votar num representante negro, a luta já está ganha e ele, sozinho na luta parlamentar, apoiado apenas pelos votos, conquistará uma vitória para o coletivo.
Outro ponto também para demonstrar o erro desse tipo de política é acreditar que basta ser negro para representar as reivindicações dos negros. Temos exemplos que mostram como representantes das ditas minorias podem defender apenas o interesse da direita, como o vereador Fernando Holiday e Sérgio Nascimento de Camargo, indicado pelo próprio Jair Bolsonaro para presidente da Fundação Palmares.
Por fim, é preciso levar em consideração que o País está sob um golpe de Estado. A direita e a extrema-direita dominam todas as instituições do regime político, e organizações fascistas estão nas ruas, levantando a cabeça a cada dia, como por exemplo o ataque a moradores de rua que foram cruelmente assassinados por grupos nazistas que atearam fogo em seus corpos enquanto dormiam. Nesse momento, uma política que joga a população negra para a crença nessas instituições é não apenas inócua. É jogar fumaça nos olhos do povo negro.
O único caminho possível é a luta política real nas ruas, a mobilização das amplas massas da população, em particular dos negros, contra os golpistas e a extrema-direita, responsáveis pelos maiores ataques contra o povo. Do mesmo jeito que a direita está organizada promovendo todos esses ataques a esquerda e as organizações do povo negro devem se organizar para uma reação à altura nas ruas, não nas eleições e nas instituições.