O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNMCUT), Paulão Cayres, publicou artigo no sítio da CUT chamado “É hora de avançar na luta em defesa dos nossos sindicatos!”. Nele, o dirigente sindical denuncia os ataques aos direitos dos trabalhadores que Bolsonaro e toda a direita vêm colocando em marcha, especialmente a permissão de que a negociação ocorra entre patrão e trabalhador.
Afirma ela que “os ministros [do STF] permitiram que processos negociais de redução de jornada e salários e suspensão do contrato de trabalho possam ser entre patrão e trabalhador de forma individual, sem a participação dos sindicatos, os quais apenas serão comunicados da ocorrência das decisões das empresas. E ainda, se não aceitarem correm o risco de ser demitidos.” De fato, esse é o mais grave ataque tanto aos trabalhadores individualmente, como às organizações sindicais.
O sindicalista conclui dizendo que os trabalhadores “ficarão reféns da vontade patronal. E a gente sabe que sem sindicato as empresas vão aproveitar para destruir direitos em troca de lucro acima de lucro.” De fato, com essa permissão, o trabalhador será um joguete nas mãos dos patrões. O sindicato existe pois o trabalhador, coletivamente, tem mais condições de enfrentar os capitalistas.
Por isso, a direita correu tão rapidamente para autorizar as negociações individuais. Na prática, é um ataque político aos trabalhadores e suas organizações, mas que significa também e principalmente um brutal ataque econômico.
Embora Paulão Cayres esteja correto em sua denúncia, a proposta para lutar contra esse ataque brutal é muito limitada. “Temos que fazer uma campanha URGENTE em defesa da Constituição para que os sindicatos intensifiquem os acordos coletivos e convenções, vinculando ao direito coletivo de representação com participação das bases.” Defender a Constituição, que já a essa altura foi massacrada, estuprada e destruída pela direita desde o golpe de Estado de 2016 não será o suficiente para frear os ataques.
Ao contrário, é preciso chamar os trabalhadores a uma mobilização política que passe por cima de toda a estrutura ditatorial que foi montada pelo golpe para atacar o povo. Para enfrentar esses ataques, seria preciso um conjunto de reivindicações políticas e econômicas que colocasse em xeque o regime político golpista e o próprio domínio dos patrões; um programa que prevê a redução da jornada sem redução dos salários para que todos possam trabalhar, o fim das demissões e ocupação das fábricas que demitirem. É preciso preparar uma greve geral. Não são os trabalhadores que devem pagar pela crise!
Para que isso seja possível, os sindicatos devem voltar imediatamente a funcionar. Os sindicalistas têm que sair da política da maioria da esquerda pequeno-burguesa que é ficar em casa. Milhões de trabalhadores estão sendo obrigados a trabalhar todos os dias; os sindicatos precisam funcionar para defender suas categorias dos ataques dos patrões. Caso contrário, ficará muito mais fácil para os capitalistas colocarem em prática medidas contra os trabalhadores.