A pandemia mundial do Coronavírus (Covid-19) vem atingindo, indistintamente, todos os povos e nações em todos os continentes, embora a manifestação e o número de infectados ocorra de maneira diferenciada. De certa forma, esta situação pode ser caracterizada como normal, em função das agudas discrepâncias e desigualdades sociais, fenômeno inerente ao capitalismo, particularmente nesta etapa de completa desagregação do sistema em escala mundial.
Originariamente surgido na China, o vírus expandiu-se rapidamente por todas as demais regiões, onde neste momento o epicentro está localizado na Europa, mais particularmente na Itália e na Espanha, mas com rápida evolução para outros países do velho continente como França, Alemanha e Inglaterra. A epidemia mundial também ameaça diretamente a nação mais rica e poderosa do planeta, os Estados Unidos, onde o número de casos cresce exponencialmente, com registro de mortes em elevação constante.
O enorme registro de casos e mortes nos países centrais do capitalismo atesta que as políticas neoliberais de destruição dos serviços públicos (saúde, educação) implementadas por governos de direita – alguns de inspiração abertamente fascista (EUA, Inglaterra, Itália) – é a grande responsável pelo alastramento da pandemia nestes países, onde a assistência que deveria ser prestada pelo Estado deu lugar aos negócios e ao lucro dos capitalistas.
Curiosamente, parece ser nos países que resistem às políticas neoliberais de destruição da capacidade de intervenção do Estado o lugar onde o controle da epidemia aparenta ter resultados diferentes dos países imperialistas, pelo menos é o que se vê neste momento. Em Cuba, na Rússia e Coréia do Norte, por exemplo, os casos são esporádicos e não há registro expressivo de mortes.
Em nosso continente, a América Latina, a situação assume contornos cada vez mais graves, com o número de casos e mortes crescendo em larga escala. Uma situação particular, por apresentar números opostos e iniciativas também muito diferentes dos governos direitistas submissos ao imperialismo, é a Venezuela, onde o regime chavista liderado pelo presidente Nicolás Maduro vem implementando um programa de ajuda e assistência ao conjunto da população, com distribuição de alimentos, subsídios salariais, isenção no pagamento de taxas públicas (água, energia, gás, aluguéis, impostos). Não há, até o momento, registro importante de casos de infecção pelo vírus no país bolivariano, estando a epidemia, aparentemente, sob controle.
Vale salientar, a propósito, que a Venezuela vem sendo qualificada pelo imperialismo e por governos direitistas do continente latino como uma “terrível ditadura”, onde a população é oprimida e massacrada pelo regime ditatorial que vem matando o povo de fome; isso de acordo com a “crítica” dos “democratas” da estirpe de Bolsonaro (Brasil), Piñera (Chile), Lenin Moreno (Equador), Ivan Duque (Colômbia) e outros cães de guarda da Casa Branca.
Particularmente no Brasil, um expressivo setor da esquerda que caracteriza o regime bolivariano com as mesmas estúpidas e direitistas acusações dos governos fascistóides latinos, é o mesmo que vem se prostrando covardemente diante da crise que ameaça devastar o País. Setores da direita do Partido dos Trabalhadores (PT), o PSTU e o PSOL, juntamente com o PCdoB e outros partidos da esquerda parlamentar centrista se recusam a mobilizar a população para enfrentar a crise, de um ponto de vista dos seus interesses, do seu direito à assistência médica do Estado. Tudo o que fazem é incentivar os inócuos “panelaços” contra o presidente fraudulento Bolsonaro, como se esta ação fosse capaz de impor uma derrota ao governo de extrema direita, da burguesia e dos generais.
É vergonhoso e abjeto o papel que a esquerda vem cumprindo neste momento de gravíssima crise nacional, a mesma esquerda que se arvora em criticar o regime venezuelano, que mesmo sob um hediondo bloqueio econômico imposto pelo imperialismo genocida, implementa um programa de ajuda à toda a população do País. Os regimes populares da América Latina (Cuba, Venezuela) enfrentam a epidemia com ações a favor de suas populações porque não se prostraram diante do inimigo maior, o imperialismo. Mobilizaram a população com a criação dos conselhos populares, de organização e defesa das conquistas sociais e dos direitos de todo o povo trabalhador.
Neste sentido, a esquerda nacional deve abandonar todas as ilusões em qualquer suposta e enganadora “ação popular” que venha do governo reacionário de Bolsonaro e dos governadores direitistas, exploradores. A palavra de ordem do momento é “nenhuma confiança nos capitalistas”; organizar a população em seus organismos próprios, os conselhos populares, por local de moradia e trabalho, única forma de conscientizar a população e fazer com que esta imponha sobre os governos burgueses a sua solução, a sua saída para o enfrentamento à grave crise epidêmica e econômica que assola o País.