Localizada na Terra Indígena Tupinambá de Belmonte, no Extremo Sul da Bahia, a Aldeia Patiburi foi, mais uma vez, alvo de ataque dos donos de latifúndios inseridos em proximidades com a região. A mando de um fazendeiro que financia ameaças e arroubos violentos constantes aos nativos dessa área, dois homens controlavam um drone, na manhã do último sábado (4), a fim de coletar imagens do território, com foco na residência da Cacica Cátia, maior representação política de liderança da terra que vive sob intimidação permanente.
Dentre os inúmeros crimes cometidos contra o povo Tupinambá de Belmonte, que soma quase 200 pessoas, está o assassinato do filho da cacica, em 2014, quando foi baleado e, meses depois, atropelado. Além dele, o enteado da chefe da aldeia está desaparecido desde fevereiro do último ano, mas ambos os casos seguem sem perspectiva de resolução pelo poder público. Esse cenário de barbárie vem aterrorizando a Patiburi há gerações e intensifica-se através da aliança plenamente estabelecida entre latifundiários, com terreno livre para exploração, e o Estado burguês — hoje, sob domínio do governo fascista de Jair Bolsonaro, legitimador antigo da ação truculenta de grileiros e garimpeiros contra indígenas.
Não obstante, a aldeia baiana conseguiu, pela primeira vez, acesso a energia elétrica há apenas dois meses — fruto de uma briga judicial que se arrastava por meio das forças políticas locais da direita, principal sustentáculo do bloqueio econômico na região. Acontece que a falta de eletricidade acarretou uma profunda crise de subsistência, a partir da qual a produção orgânica e artesanal de cacau e mandioca foi sendo cada vez mais precarizada, bem como proporcionou a intensificação da vulnerabilidade da população em vários níveis, sobretudo durante a situação atual de pandemia. Inclusive, no decorrer da crise sanitária, os moradores da Patiburi sequer podem dispor do posto de saúde local, em situação precária, com equipamentos desmontados e sem possibilidade de uso.
Portanto, fica evidente que o discurso demagógico defendido pelos órgãos protetores da população indígena está longe de ser suficiente para a garantia de direitos básicos dos povos residentes em aldeias brasileiras, que convivem diariamente com ameaças de morte e expulsão. Agora, com a Covid-19, a situação agrava-se, uma vez que o plano nazista da direita é de que o vírus não encontre freio em políticas públicas de saúde, o que demonstra como, dia após dia, a permanência de Jair Bolsonaro no poder, e de todos os golpistas que o cercam, representa o aprofundamento no genocídio da nação. Por isso, urge a derrocada de todo o aparelho fascista pelos trabalhadores rurais e urbanos.