Nesta semana vimos mais um exemplo da ditadura que está se formando no país. O vice-procurador-geral eleitoral, Renato Brill de Goés, deu parecer favorável a uma ação de cancelamento de registro partidário do PT.
Manifestando-se no último dia 27, o requerimento alegava que “no curso da operação Lava-Jato restou demonstrado que o PT recebeu recursos de origem estrangeira”. O processo em questão está ligado a um de autoria do Deputado Federal Heitor Rodrigo Pereira Freire, do PSL.
A ação de Goés está sob a relatoria do ministro Og Fernandres e representa um forte ataque a qualquer resquício de democracia que poderia haver no país. Este fato confirma mais uma vez: o Brasil está sob uma ditadura, a ditadura do golpe de 2016.
Com o governo Bolsonaro, os militares fascistas tomaram conta do jogo político de forma clara, e com isso, o aprofundamento do estado ditatorial ocorreu exponencialmente.
O Partido dos Trabalhadores já sofreu inúmeras tentativas de iniciar-se um processo de colocar o partido na ilegalidade. Tal fato ocorreu comumente nas ditaduras do Estado Novo e militar de 64, sobretudo com o Partido Comunista Brasileiro. Contudo, este caso em específico é uma evolução dos ensaios que a extrema-direita apoiada pela burguesia fazia contra o partido.
Após prenderem Lula e tantas outras lideranças do principal partido da esquerda brasileira, o golpe passou a se aprofundar, e a cassação do registro eleitoral do PT, algo que antes era forte hipótese, agora passa a se tornar realidade.
O processo ainda está em instâncias inicias, porém pelo simples fato de praticamente não haver notícias na imprensa burguesa, é que percebe-se a gravidade do problema.
Neste sentido o Gleisi Hoffman, presidenta do Partido dos Trabalhadores emitiu a seguinte nota:
É ultrajante e fantasiosa a admissibilidade pelo vice-procurador-geral eleitoral Renato Brill de Goés de pedido para cancelamento do registro do Partido dos Trabalhadores junto à Justiça Eleitoral.
Não há provas e nem indícios de que o PT tenha recebido recursos oriundos do exterior, o que nunca aconteceu. A decisão é arbitrária e política, sem amparo em fatos ou na realidade.
O pretexto usado pelo MP Eleitoral é irreal. Mais uma vez temos o lawfare — o uso do direito e do sistema jurídico contra o inimigo — para perseguir os adversários do regime e do atual presidente.
Na história da República, somente em períodos de arbítrio, como nos anos 40 e 60, em que ditaduras calaram a voz de opositores, partidos políticos tiveram seus registros cassados, a exemplo do Partido Comunista Brasileiro.
O PT tem 40 anos de história em defesa da democracia e do povo brasileiro, e uma longa tradição em luta pelos direitos sociais no país, contra o abuso do poder político e econômico e por uma sociedade menos desigual.
O Ministério Público pode querer calar a voz da oposição, atendendo aos desejos do governo, só isso justifica a admissão de um pedido esdrúxulo e ilegal como este.
Gleisi Hoffmann
Partido dos Trabalhadores
A ditadura cresce em todo país, o controle dos militares não para de crescer. É necessário uma reação enérgica da esquerda, denunciando firmemente a situação e mobilizando a classe trabalhadora. Por o PT na ilegalidade será mais ato criminoso que recairá sob as costas de todo povo, e um primeiro passo para atacar todo o restante da esquerda.