O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prepara mais uma medida demagógica que nada tem de democrática. Na terça-feira (25) será analisada a possibilidade de destinação, para candidatos negros, das vagas e cota do Fundo Especial do Financiamento de Campanhas (FEFC).
É um total contrassenso esperar que um órgão que não foi eleito pelo povo, mas escolhido a dedo pela burguesia e seus funcionários, crie alguma política em prol da população oprimida. Pelo contrário, o que tem-se é uma fachada muito bem feita para dar um ar de “democracia” ou que “as instituições estão funcionando”.
O problema não consiste exatamente em ser uma política “voltada” para os negros. O que tem-se, aí, é mais uma regra, uma nova burocracia eleitoral, para viabilizar, ainda mais facilmente, a manutenção dos partidos burgueses nas eleições.
Apesar do bonito discurso, a nova burocracia não visa colocar, em pauta, a questão do negro, mas tentar legitimar o processo demagógico das eleições. Destinar verbas e estabelecer quantidades proporcionais para candidatos negros, assim como foi feito com as mulheres, servirá de nada para os negros de conjunto, apenas para gerar tensão e desviar o foco da luta pela emancipação dos negros e da classe trabalhadora.
É a mais pura e completa ingenuidade achar que partidos burgueses, como a maioria da direita, que possuem, como única política pra os negros, a política da chibata, terão candidatos “verdadeiros”. O que ocorrerá será um verdadeiro “faz-de-conta”, onde alguns negros, que pertencem à pequena-burguesia, colocarão seus nomes a serviço destas legendas. Será repetição da política demagógica já utilizada com as mulheres.
Estas falsas medidas servem apenas de isca para setores da esquerda pequeno-burguesa. Trata-se de alimentar os sentimentos mais reacionários, o carreirismo e o vício dos chamados “craqueiros eleitorais” da esquerda. Na prática, o que ocorrerá é a acentuação de uma eleição de candidatos “avulsos” e não da defesa de partidos e programas. Há todo um incentivo pela segmentação da classe trabalhadora, impossibilitando a criação de um programa unificado em prol de toda classe trabalhadora, classe a qual pertencem a gigantesca maioria dos negros e uma grande parcela das mulheres.
Torna-se impossível não traçar uma comparação direta com a política adotada pelo Partido da Causa Operária (PCO). Enquanto a política vigente trata de reforçar a candidatura indivídual, com o partido e seu programa (quando existe) em segundo plano, o PCO busca a centralização e uniformidade de toda campanha sob um programa unificado e alinhado diretamente com os interesses da classe trabalhadora de conjunto, incluídas aí, todas as minorias oprimidas e suas especificidades.
Diferente do que é moda nos partidos burgueses e pequeno-burgueses, a defesa dos oprimidos não deve dar-se por indivíduos, mas por todos os componentes do partido. Todo militante revolucionário tem o dever, a obrigação, de defender os oprimidos pelo sistema capitalista e lutar contra a demagogia da classe dominante e a picaretagem de aproveitadores e aventureiros políticos.