A febre eleitoral tomou conta da esquerda pequeno-burguesa, embarcaram de mala e cuia no barco da demagogia barata ao estilo dos candidatos burgueses. Tudo na tentativa de lucrar algo com a eleição. Esqueceu-se da situação concreta das cidades e do país, do golpe de Estado, da luta contra o governo de extrema-direita, da necessidade de mobilizar os trabalhadores, etc.; concentram-se apenas em promessas vazias e irrealizáveis, no marco do método que adotam, ou seja, do vote em mim que eu resolvo, um estelionato político.
Um exemplo claro desta conduta política é a candidatura Guilherme Boulos (PSOL-SP) que com apoio da imprensa capitalista – não para ganhar a eleição, mas para favorecer a política da direita golpista contra a unificação das forças antigolpistas em torno do ex-presidente Lula e do PT – afirma que é o único candidato capaz de derrotar a direita e a extrema-direita na cidade e que sendo eleito vai revolucionar São Paulo, vai taxar fortunas, cobrar os bancos, dar auxílio emergencial, construir moradias, zerar a tarifa do transporte, e muito mais. Para que essa maravilha toda aconteça basta que o paulistano digite na urna em 15 de novembro os números de sua legenda. Mas não é somente Boulos e PSOL, também o PSTU decidiu fazer parte da farsa, o que a torna ainda mais ridícula.
Uma posição que os faz pensar que para mandar na sociedade basta ser eleito e que os eleitos são onipotentes. Tanto Ver Lúcia quanto Guilherme Boulos adotaram a tática do candidato super-herói, que substitui a luta, ao invés de programa de luta, candidato milagreiro, vejamos:
Vera Lucia, candidata a prefeita de São Paulo pelo PSTU, em entrevista ao jornal O Globo, apresentou-se como candidata que estaria no páreo e apresentou um programa, caso eleita, ainda mais maravilhoso para o povo que o do próprio Boulos. A candidata do PSTU afirma que se eleita vai complementar o auxílio emergencial do governo federal para chegar em R$ 1.163,00 reais, para bancar esse complemento vai taxar bilionários em 40%, não pagará a dívida do município e estatizará o transporte. Na sua gestão também os bancos pagaram mais, o Imposto sobre Serviço (ISS) será aumentado de 2% para 5%.
O poderoso PSTU diz: se eleito vou taxar os bilionários em 40%! Por muito menos derrubaram Dilma e colocaram Lula na cadeia, a candidata não se apresenta como parte de um movimento, que propõe um programa pelo qual se lutar, mas uma figura acima deste movimento, como são os políticos burgueses, estes, no entanto, não fazem promessas muito grandes para não ficar evidente que não vão cumprir.
Em uma passagem cômica, o jornal golpista afirma que Vera Lúcia esteve a frente de candidatos como Jilmar Tatto do PT, dentre outros, nas pesquisas de intenção de voto, a que a candidata creditou a ação de seu partido junto às massas. Toda essa farsa evidente mostra o caráter oportunista da esquerda pequeno-burguesa. O país passa por uma de sua maiores crises, com mais de 150 mil mortes pela pandemia, governo de extrema-direita, recorde de desempregados, crise econômica, carestia, milhões na miséria e passando fome e mesmo assim a burguesia impõe uma disciplina fiscal rigorosíssima, vejamos o próprio fascista Bolsonaro, que ao tentar ampliar um pouco sua pequena base aventou a possibilidade de lançar um limitadíssimo programa social de transferência de renda, o que gerou uma profunda crise e foi cancelado.
É evidente que nenhuma dessa propostas da esquerda podem ser implementada pela via do voto, mas somente pela mobilização revolucionária do povo, colocá-las no marco da eleição é pura e simplesmente é uma fraude. Mais fraudulento ainda é pelo fato de que nenhum destes candidatos irá ganhar eleição alguma, ainda mais nas condições atuais em que a eleição é profundamente antidemocrática e controlada pelos golpistas. As eleições servem, neste momento, para esquerda fazer a denúncia do caráter ditatorial do regime e das próprias eleições, denunciar o golpe e organizar o povo por uma política de mobilização e luta contra o golpe e não para imitar os candidatos burgueses e mentir copiosamente para o povo, contribuindo assim para reafirmar as ilusões nesse regime político apodrecido.
A esquerda pequeno-burguesa vê na eleição a sua hora e vez, sentido de sua própria existência. E mais, esquecem que é uma mera encenação e deslumbram-se com a “festa da democracia”, quer dizer, as eleições organizadas pela burguesia golpista. Embora nunca sejam convidados para o camarote, permanecendo sempre na pista, imitam os convidados ilustres da burguesia, ainda que a sua maneira. A festa da democracia, porém é um circo e a esquerda pequeno burguesa faz o papel de palhaço.