Ontem, no dia 26 de outubro, segunda-feira, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) Mário Prata da UFRJ chamou um debate com os candidatos às prefeituras do Rio de Janeiro. Nesse evento, o candidato do Partido da Causa Operária não só desnudou a direita e a frente ampla, como propôs, em contraposição a todos os outros, um programa de luta real para a classe trabalhadora. Entre os que participaram, estiveram presentes Henrique Simonard – PCO, Renata Souza – PSOL, Cyro Garcia – PSTU, Andrea Gouvêa, vice da rede, o delegado e empreendedor Fernando Veloso, vice pelo PSD, Mauro Santos, vice pelo PSC e a enfermeira Rejane, vice pelo PT.
Na primeira rodada de apresentação geral, o militante do PCO anunciou o enorme crescimento do partido e de sua influência política, o qual “está participando das eleições em mais de 20 capitais pelo País e em mais de 80 cidades”. Além disso, o companheiro enfatizou com clareza a posição partidária de sua candidatura e de seu programa: “Nós estamos lançando candidaturas não de pessoas individuais, mas de representantes do partido.”
Nesse âmbito, ele também denunciou a participação de candidaturas que fazem propaganda em benefício próprio dos candidatos, como foi o caso do delegado que se apresentou como favelado. ”Temos que prestar atenção em qual é o programa defendido por trás dessas figuras e não a pessoa em si, um delegado da polícia, órgão que mais mata no Brasil e no mundo, está fazendo uma média com o pessoal da favela que mais morre nas mãos da polícia.”. Trata-se claramente de uma demagogia barata, e como colocou Simonard:
“No PCO não temos esse tipo de demagogia, lançamos candidatos para defender um programa de luta contra o Golpe, um programa pelo Fora Bolsonaro, um programa para levantar adiante as reivindicações da população, por novas eleições, eleições democráticas de fato, com Lula tendo direito a ser candidato.”
Ao agradecer a iniciativa do DCE, ele ressaltou o que já deveria ser óbvio para a esquerda iludida. “Nesse momento, vivemos uma das eleições mais antidemocráticas que a gente já enfrentou, o PCO mesmo não tem tempo de televisão e mal é chamado para debates.”
Na rodada de perguntas sobre o tema saúde, Andrea Gouvêa que já esteve na gestão do RIO pelo PSDB, se propôs a perguntar sobre a insuficiência das novas clínicas infantis, que não reduziram as taxas de mortalidade materna e a taxa de mortalidade infantil
O PCO, como bem esclareceu o companheiro, trata da questão da saúde dentro de sua realidade, na crise sanitária e no golpe.
“A primeira questão para tratarmos de saúde é a questão da pandemia… durante isso vemos vários governos, do Rio de Janeiro e de Santa Catarina, desviando verbas que seriam para o combate ao coronavírus. O PCO é contra esse genocídio explícito que está sendo feito contra a população”, assim, o problema específico apresentado por Andrea “não é um problema desconexo da realidade do Brasil.”. E apesar do PCO ser obviamente a favor de medidas preventivas, bem como do total investimento na saúde, ele defende a mobilização para “acabar com o governo Bolsonaro”
Sobre o tema da repressão, Simonard colocou que “nas eleições não se trata nunca de um projeto pessoal das pessoas, elas representam partidos que defendem interesses de quem paga a campanha”. Sobre essa questão da polícia, ela “precisa ser colocada em todos os âmbitos”, diante das desculpas colocadas por Mauro, o companheiro denunciou sua falsidade e relembrou que “Witzel falou que precisa atirar na cabecinha” e que na realidade “A população continua morrendo na ponta do fuzil do policial.”
No segundo Bloco, o candidato bolsonarista do PSC, Mauro Santos questionou o que o PCO defenderia a favor do funcionalismo público no Rio de Janeiro.
Henrique colocou a posição do PCO, que contra toda demagogia da direita que coloca o funcionalismo público como uma problema de arrecadação do Brasil, posiciona o mal na sua raiz “é a questão de pagar as dívidas e os empréstimos aos banqueiros, é aí que fica a maior parte do dinheiro nacional, estadual e municipal.”.
“Somos contra essa PEC de gastos, a gente é contra a reforma da previdência que fizeram agora e a nova reforma do serviço público que o governo Bolsonaro está tendo implantar, pelo contrário, a gente defende, para os servidores assim como para qualquer parte da população, a organização em comitês para lutar pelas principais reivindicações que tenha a categoria, o PCO é um forte defensor dos sindicatos e das organizações dos trabalhadores.”
Mauro, por outro lado, defende justamente as pautas vazias famosas no discurso da direita, pretendendo rever o plano de saúde dos trabalhadores, fazer a retomada da carta de crédito, e qualificar os funcionários.
“No papel está ótimo”, como colocou o militante do PCO, “vamos ver agora se o PSC, aliado aí do governo Bolsonaro, aliado aí da direita golpista que tirou a Dilma, vai tirar alguma dessas coisas do papel e não simplesmente ficar interessado em endividar o município, endividar o estado e colaborar com o governo Bolsonaro para acabar com o Brasil… vamos ver se alguma migalha vai sobrar para o povo brasileiro, porque a gente viu que não sobra, vocês ficam com tudo.”
Sobre saúde e transporte, Henrique defendeu as propostas do partido, como utilizar todos os imóveis parados para fazer verdadeiros hospitais de campanha, e triplicar, se necessário, a quantidade de transportes públicos para acabar com a lotação.
Sobre a questão das mulheres, com ênfase na violência obstétrica como questionado por Rejane do PT, o companheiro esclareceu que se trata de um problema social. “Não existe nenhuma lei que vai melhorar o problema… ele está inserido em um problema da nossa sociedade que enxerga a mulher como um ser inferior”. Ele propôs também, como medidas imediatas para resolução parcial do problema, fazer uma campanha para evidenciar o problema, com grupos de mulheres para tratar da questão e reivindicarem mais mulheres ginecologistas. Além disso, ele concordou com a proposta da candidata para fazer casas de parto em todos os municípios da cidade.
Em sua última pergunta, Henrique perguntou para Cyro do PSTU a posição do partido para o problema da polícia, que mesmo se colocando como um partido revolucionário, ainda defende a polícia como uma instituição, culpando apenas umas “maçãs podres” como colocou Henrique. Cyro ressaltou essa posição e defendeu uma polícia que possa se estabelecer “pelo respeito e não pela repressão.”.
Como resposta, o companheiro do PCO, único partido que defende a dissolução da PM nas eleições, colocou: “a polícia tem o papel de reprimir a população e ponto. Não é um problema de algumas maçãs podres, não é um problema de fazer reformas da polícia e torná-la menos violenta, ainda assim, vai cumprir seu papel. Então nossa proposta aqui é acabar completamente com a polícia, seja civil, seja militar, seja com a guarda municipal… nosso programa de autodefesa é o armamento da população, a formação de comitês de bairro e a formação de comitês de fábrica.”.
Finalmente, como agradeceu e argumentou Henrique, os debates organizados pela imprensa independentes e organizações dos trabalhadores e de estudantes podem abrir espaço para uma discussão completamente estrangulada pela imprensa burguesa.